Em nova série, Vik Muniz reproduz telas de Romero Britto com pedaços de latas de panetone by Romero Britto
BIENAL – Expostas pela primeira vez na última terça-feira no vão livre do MASP, a série inédita de fotografias de Vik Muniz – conhecido por criar imagens a partir de materiais insólitos como geleia, diamantes e pigmentos – homenageia a obra de Romero Britto – também conhecido por criar imagens a partir de materiais insólitos, como João Doria, Sylvester Stallone e padre Marcelo Rossi.
O conjunto de obras consiste em fotos de grandes brasileiros pintados ao estilo universalmente reconhecível de Romero. A diferença, no entanto, só pode ser percebida de perto: em vez de tinta acrílica, centenas de milhares de fragmentos de latas de panetone Bauducco (edição especial Romero Brito) constroem meticulosamente os rostos dos digital influencers Kéfera Buchman, Leandro Karnal e Maiara & Maraisa, entre outros.
Muniz afirmou à reportagem que suas novas criações “agenciam o desejo do brasileiro por respostas à crise do lixo que não é nem orgânico, nem reciclável, configurando, de partida, uma tensão simbólica entre o que é descartável, como os badulaques do queridíssimo Romero, e a minha obra, que é eterna”.
A recepção da crítica especializada se dividiu entre o entusiasmo de Deonisio da Silva, colunista de etnografia da revista Caras, para quem a empreitada representa uma ótima oportunidade de vender muitos brindes associados à revista, e Augusto de Campos, que, em carta aberta, afirmou ter percebido o teor “industrial-subversivo-orgiástico [da obra de Britto] antes de todo mundo, e sobretudo antes de Ferreira Gullar”.
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