“Momento épico”, diz Temer, que vai responder às 84 perguntas da PF em verso
ACADEMIA DE LETRAS DE TIETÊ – Funcionários do Palácio do Planalto que estavam ontem no gabinete presidencial informaram que Michel Temer sorriu ameaçadoramente e esfregou as mãos de prazer ao saber que receberia 84 perguntas encaminhadas pela Polícia Federal. “Cesse tudo o que a Musa antiga canta,/ que outro valor mais alto se levanta”, disse o presidente, com a voz rouca, ao anunciar que usaria versos para responder todas as questões.
“Só assim posso fazer jus ao momento épico por que passa o país”, explicou o peemedebista a quem estava na sala, em prosa. Em seguida abriu volumes de Camões, Haroldo de Campos e de sua própria lavra sobre a mesa de trabalho. Pediu que um de seus secretários anotasse os versos do preâmbulo às respostas, nascidos, segundo o mandatário, de uma inspiração repentina, naquele instante: “e começo aqui e meço aqui este começo e recomeço e remeço e arremesso”, ditou, fitando o horizonte.
Ao saber que a resposta ao questionário viria em forma de poema, a Polícia Federal solicitou o apoio de Augusto de Campos. Em sua casa, em Perdizes, o poeta e ensaísta paulista declarou que Michel Temer “já está condenado a uma eternidade de agonias” pelo conjunto de sua obra poética e política. “Uma pergunta que não foi feita”, prosseguiu o intelectual, ajeitando os óculos, “é se o futuro ex-presidente reconhece a minha primazia em revalorizar Oswald de Andrade”.
Numa edição extra do Diário Oficial, publicada na noite desta terça-feira, a Secretaria de Comunicações do governo instruiu todos os funcionários públicos federais a “se comunicarem com o público apenas por meio de versos decassílabos” e também empossou José Sarney como presidente do InMétrica. O próprio D.O. já incorporou a ordem e aboliu a prosa.
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