BAIXO PARAÍSO – Brasília acordou aliviada nesta quarta-feira. Pouco mais de 24 horas após o início informal do recesso parlamentar, já se podia perceber a calmaria proporcionada pela ausência de deputados e senadores. Segundo o instituto de pesquisa DataPoder360, a taxa de criminalidade caiu 513% nas últimas 24 horas. Fernando Rodrigues, diretor do instituto, afirma que a queda tinha sido ainda maior, “mas cerca de cinquenta pontos percentuais foram pilhados por deputados e transformados em intenções de voto a seu favor”.
A onda de roubo e violência fez do 1º semestre de 2017 um período traumático para muitos moradores da capital federal. Ana Maria Andrade, professora da rede estadual do Distrito Federal, pensa em se mudar: “Levaram meu título de eleitor, meu passaporte e minha carteira de trabalho”, disse, desolada. “A polícia sabe quem eles são e onde trabalham. É um pessoal que está sempre de terno. Mas ninguém faz nada”, desabafou.
O período de calmaria em Brasília é contrastado com uma onda de crimes que se alastra pelos 27 estados da Federação. O delegado Eduardo Menezes confirmou que, desde a semana passada, quarenta meliantes de Brasília foram flagrados praticando crimes em outros estados. “Eles tentam disfarçar, estão andando por aí sem gravata, mas sabemos quem são”, disse. “Só no Mato Grosso, 500 milhões em créditos fiscais já sumiram. Em São Paulo, quatro trens do metrô foram superfaturados. No Rio de Janeiro, recebemos uma denúncia do Comando Vermelho reclamando que seus morros estão sendo invadidos por assessores parlamentares armados com Medidas Provisórias e Projetos de Lei”, relatou.
Só no ano passado, a Polícia Federal apreendeu mais de dez toneladas de Propostas de Emenda Constitucional contrabandeadas de escritórios de advocacia. A quantidade preocupa os países vizinhos. No Paraguai, a polícia de fronteira está alerta para combater o tráfico de influência. “Não queremos que nosso país se torne um Brasil”, disse Marcelo Armesto, comandante geral do Exército daquele país.
Pego em flagrante desviando verbas por meio de emendas, um deputado do Amapá, que molhou a mão do Piauí Herald para não ser identificado, confessou: “Eu até tentei fazer algo maior, mas não havia quórum para organizar um arrastão”. Cidadãos de todo o Brasil estão torcendo para que o recesso parlamentar acabe logo.