14ago2017 | 19h54 | Brasil

Lei Maria da Penha muda nome para Lei Buarque de Hollanda após divulgação de música de Chico

A+ A- A

ILHA DE LESBOS – Desde que lançou sua nova canção, Tua Cantiga, Chico Buarque não consegue mais passear pelo Leblon, onde mora. Da última vez que tentou, na semana passada, foi abordado por um grupo de jovens vestidos com camisas da CBF, que o recomendaram com eloquência a ‘volta[r] para Cuba’, em frente ao Sushi Leblon. Indiferente aos frequentes vilipêndios reacionários, o compositor seguiu rumo a seu destino, o bar Tio Sam. Só percebeu que havia algo estranho quando a TV do boteco começou a exibir um documentário sobre pais irresponsáveis que abandonam suas famílias. A trilha sonora? “Tua Cantiga”.

O trote foi organizado pelo grupo feminista Ex-Mulheres de Chico, que milita para “banir a obra de Chico Buarque de Hollanda” de Portugal, Macau, Angola, Goa, Brasil e Antártida. Stephanie Avelar, porta-voz do grupo, afirma que “a música nova, para variar, é uma celebração chauvinista do gozo patriarcal”, e lembra que a música Geni e o Zepelin “é um manual de slutshaming disfarçado de parábola”.

Foi na manhã desta segunda-feira, no entanto, que o grupo logrou sua maior vitória. Após coletar 3 milhões de assinaturas, o Projeto de Lei 2.666, que troca o nome da Lei Maria da Penha para Buarque de Hollanda foi sancionado pelo presidente Michel Temer. A plateia da cerimônia de assinatura, quase totalmente composta por mulheres, cantou Apesar de Você em honra à nova lei.

Entusiasmadas com a vitória, o grupo comunicou o lançamento do seu primeiro disco de feminismo gospel.