"Sê-lo-á aproximadamente assim", afirmou Temer sobre o tamanho do rombo nos cofres públicos

27nov2018 | 17h32 | Justiça

Mercado do habeas corpus vive hiperinflação após sanção de Temer

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BOUTIQUE DASLEI – Injusto, individualista, inclemente. Essas foram as palavras publicáveis usadas por corretores de habeas corpus para se referir ao presidente Michel Temer. A saraivada de críticas e impropérios começou ontem, depois que Temer sancionou o aumento salarial dos ministros do STF – o que vai gerar um rombo anual de pelo menos 4 bilhões de reais aos cofres públicos.

“O Temer é réu em dois processos no STF”, explicou um advogado com MBA na compra e venda de habeas corpus. “Normalmente, um habeas corpus como o dele seria negociado no varejo com alguém como o Gilmar. Mas aí o Temer deu uma canetada, passou por cima do rito, e resolveu negociar logo no atacado.” O corretor explicou que a compra de um habeas corpus a 4 bilhões de reais – a ser repartido entre ministros, desembargadores, juízes, procuradores, promotores e defensores públicos – vai gerar uma hiperinflação no mercado, afetando o poder de barganha de pequenos fraudadores presos na série B da Lava Jato. “Isso é dumping”, sentenciou.

Do outro lado, operadores de Brasília defendem a postura de Temer: “O que estamos criando é um novo nicho de mercado, o Habeas Corpus Luxus”, explicou o marqueteiro e habeascorpuseiro do Planalto, Elsinho Mouco. “Claro que ainda vai existir o varejão, o mercado popular, a black friday, mas temos que admitir que existe um público diferenciado que exige um produto mais top.” Em paralelo à discussão, o mercado já começa a se movimentar para criar alternativas. A startup de compras coletivas Peixe Grande ofereceu um pacotão de habeas corpus para serem usados só no futuro, para quem pretende ser preso em 2019.