DANÇA DAS CASERNAS – “Parece que o mundo dá voltas, queridinha”, disse o senador Ciro Nogueira ao comentar sua futura nomeação para a Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. “Eles diziam que só bastava um cabo e um soldado pra fechar o Supremo? Pois bem, nem disso a gente precisa pra desbancar um general. Um presidente acuado já dá conta do recado.”
Nogueira se referia à bravata do general Braga Netto, que segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, ameaçou dar um golpe no Congresso caso a milícia de Rio das Pedras não tenha o poder de coagir eleitores, exigindo recibo do voto em 2022 (na linguagem técnica das Forças Armadas, a prática é chamada de “voto auditável”).
O que Nogueira não sabe é que a ameaça de Braga Netto se insere num movimento estético iniciado em 1964, com o golpe do general Olímpio Mourão Filho, aprimorado em 1968, com o ato institucional de número 5, instaurado pelo general Costa e Silva, e ressignificado em 2018, com a ameaça contra a eleição de Lula, feita pelo general Villas Bôas. “Não querem mais deixar os militares ameaçarem a Democracia! Isso é CENSURA!”, reclamou Braga Netto.