FRENTE AMPLA – Bicheiros, milicianos, agiotas, traficantes, exploradores de máquina de caça níquel e contraventores de todas as matizes se reuniram, hoje pela manhã, para escrever em conjunto uma nota de repúdio contra a chegada da influencer Virgínia Fonseca ao carnaval carioca. Virginia, como se sabe, acabou de depor à CPI das bets, para explicar o que ficou conhecido como “cláusula da desgraça”, um tipo de contrato em que ela ganha mais dinheiro à medida em que apostadores que chegam ao jogo através dela empobrecem.

“Tudo tem limite”, disse um miliciano que não quis ser identificado por receio de receber uma oferta irrecusável de uma bet de futebol. “No nosso modelo de negócio, nós pelo menos oferecemos gatonet. Mas e as bets? O que elas trazem além de desgraça?” A visão foi corroborada por um bicheiro, que também não quis se identificar por medo de que seu ramo do jogo do bicho seja fagocitado pelo Jogo do Tigrinho. “O bicho só dá prejuízo no Rio de Janeiro, enquanto o Tigrinho dá em todo o Brasil. Mas qual dos dois é perseguido pela polícia?”, comentou, desgostoso. “É muita injustiça.”

A Grande Rio avisou que aproveitará a chegada de Virgínia ao cargo de rainha da bateria para mudar o samba-enredo do próximo carnaval, que seria sobre o movimento manguebeat. O novo samba “Solta a carta, Tigrinho: dos vales do Nilo ao deserto de Vegas, Nabucodonosor e o apogeu da jogatina através do tempo” tratará do universo das apostas, indo do apogeu em Las Vegas ao rombo no orçamento doméstico da família brasileira. Um arraso.