“Nesses últimos meses, uma parte do país foi pega de surpresa pela insistência, a abnegação e o entusiasmo com que pessoas de extrema direita se mobilizaram. Achar que essa dinâmica foi rompida apenas por que agora se fez algumas prisões é simplesmente tomar nossos desejos por realidade”, escreve o professor de filosofia Vladimir Safatle, da Universidade de São Paulo (usp), na piauí de março. Para ele, a mobilização da extrema direita não retraiu nem arrefeceu, mas entrou em nova fase – a insurrecional. “Nesse contexto, ‘fase insurrecional’ significa que a extrema direita mundial tenderá, cada vez mais, a operar como força ofensiva anti-institucional de longa duração.”
Safatle diz que é preciso ter clareza sobre a nova situação, evitando continuar com explicações “deficitárias” a respeito do bolsonarismo, como ao caracterizá-lo como fruto do ressentimento (deficiência psicológica), do obscurantismo e das fake news (deficiências cognitivas) e do ódio (deficiência moral). “Explicações dessa natureza servem mais para corroborar a crença do analista em sua pretensa superioridade moral e intelectual do que para auxiliar na compreensão efetiva de um fenômeno sociopolítico de inegável complexidade.”
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