O primeiro turno da eleição presidencial na Argentina acontece no próximo domingo, dia 22, e gira em torno de um assunto central: a inflação. O descontrole dos preços dificulta a vida do candidato governista, Sergio Massa, e vem servindo de combustível para a extrema direita, representada por Javier Milei. A cotação do dólar na Argentina mais que triplicou desde outubro de 2022. O preço da carne dobrou. A alta dos preços mina o poder de compra da população e empurra a classe média para a pobreza. Hoje, a Argentina tem a segunda maior inflação da América do Sul, atrás apenas da Venezuela. O =igualdades ilustra, com dados, a situação dos argentinos que vão às urnas no final de semana.
Na semana passada, a cotação do dólar blue (principal parâmetro usado pelos argentinos) ultrapassou 1 mil pesos, batendo um recorde histórico. Um ano atrás, valia 280 pesos. A cotação oficial do dólar na Argentina é feita por instituições regulamentadas pelo Banco Central do país. Já a cotação do dólar blue é definida por instituições não regulamentadas, que levam em conta a lei da oferta e da procura para determinar seus preços.
Uma das principais consequências da desvalorização do peso é o aumento da pobreza na Argentina. Em 2023, ela atingiu 40% da população, totalizando 11,8 milhões de pessoas – o equivalente à cidade de São Paulo. A extrema pobreza atinge 9% dos argentinos.
A inflação média global em 2022, segundo o FMI, foi de 9%. A Argentina registrou uma taxa dez vezes maior do que a média – 95%. No Brasil, a inflação acumulada foi de 6%.
A inflação fez disparar o preço dos alimentos. Houve um aumento de 150% na variação anual. Enquanto, no Brasil, o preço da carne diminuiu desde agosto do ano passado, na Argentina ele mais que dobrou: passou de 697 pesos para 1.702.
Segundo o Indec, o equivalente argentino do IBGE, a batata foi o alimento que registrou a maior alta de preço na Grande Buenos Aires, no último ano. Em agosto de 2022, o quilo custava 121 pesos. Em agosto deste ano, custava 540 pesos.
Com o salto da inflação na Argentina, o governo vem aumentando continuamente o salário mínimo da população. Entretanto, o valor ainda é significativamente mais baixo se comparado com os salários do Brasil e do Chile.
Em 2014, a Argentina tinha um PIB per capita de US$ 12,3 mil e o Brasil, de US$ 12,1 mil. Oito anos depois, o da Argentina subiu para US$ 13,6 mil e o do Brasil caiu para US$ 8,9 mil, reflexo da crise econômica que se instalou no país a partir de 2015.