Analisamos os dados de viagem dos três principais candidatos a partir do dia 20 de agosto, data em que a candidatura de Marina Silva foi oficializada, até dia primeiro de outubro. Neste período, Dilma foi quem visitou menos estados no país. No total, a petista viajou a oito, contra 14 estados percorridos por Marina e 13, por Aécio.
A Região Norte foi a menos lembrada pelos três presidenciáveis. No período analisado, nenhum candidato passou por Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Enquanto Dilma ficou mais pelo eixo Brasília-Rio de Janeiro-São Paulo, com caminhadas, coletivas de imprensa e reuniões, Aécio não passou pela capital no período. Marina foi a única a ir a Manaus, no Amazonas.
Veja aqui o infográfico:
http://vis.medialabufrj.net/piaui/
Instruções adicionais:
– Mexa na linha do tempo à vontade para selecionar datas específicas
– Coloque o mouse em cima de um estado para saber quantas vezes cada candidato esteve ali
– Coloque o mouse em cima de uma bolinha vermelha, azul ou amarela para saber qual foi o compromisso do candidato naquele estado
– Marque a opção “visualizar por trajetória” para acompanhar os caminhos percorridos por cada candidato
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A repórter Carol Pires, da piauí, avaliou os números do gráfico:
Maior colégio eleitoral do país, o Sudeste concentra 43% dos eleitores: daí a importância dessa região para as campanhas de Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves, cujas agendas concentram-se sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, que sediam os principais jornais. Já a região Norte foi preterida, pois além de abrigar poucos eleitores apresenta entraves geográficos que complicam o deslocamento de uma cidade a outra.
Aécio Neves: No início da campanha eleitoral, o plano da campanha do PSDB era intensificar as viagens pelo Nordeste para reverter o cenário de vantagem petista. Com a morte de Eduardo Campos e a consequente queda de Aécio nas pesquisas, a direção da campanha avaliou ser inútil brigar por votos num reduto historicamente pró-Lula e pró-Dilma e mirou seus esforços em regiões reconhecidamente mais pró-tucanas.
Marina Silva: Quando se tornou a cabeça de chapa da candidatura do PSB e os números dispararam – numa simulação de primeiro turno, chegou a empatar com Dilma Rousseff em pesquisas de âmbito nacional, ficando em primeiro lugar em São Paulo e no Rio de Janeiro –, a candidata foi brigar por votos no Nordeste. As viagens também visavam combater a “central de boatos”, como a notícia de que Marina iria acabar com o Bolsa Família.
Dilma Rousseff: No Distrito Federal, o palanque de Dilma é fraco – Agnelo Queiroz, do PT, é o segundo na lista dos piores governadores do país, com índices de rejeição mais altos do que o ex-governador José Roberto Arruda, preso no exercício do mandato. Associar-se a ele não seria uma boa estratégia, ao contrário. Mas, como precisa conciliar os compromissos de presidente com os de candidata, várias reuniões foram feitas na capital – fora do horário expediente, sob pena de ser multada pela Justiça Eleitoral. Além do mais, seu comitê de campanha tem base em Brasília, que também abriga sucursais de boa parte da imprensa.
Distrito Federal e Goiás:
Na eleição presidencial de 2010, Marina Silva ficou em primeiro lugar no Distrito Federal. No começo de 2014, Aécio Neves assumiu a liderança das pesquisas. Com a morte do candidato do PSB, Marina recuperou os votos de outrora. Na última pesquisa do Ibope, ela apresentava 36%, contra 23% de Dilma Rousseff.
Marina Silva também é favorecida por ter um candidato forte ao governo do DF: o senador Rodrigo Rollemberg é um dos políticos mais competitivos do partido e assumiu a liderança nas pesquisas depois que o ex-governador José Roberto Arruda saiu do pleito, barrado pela Lei da Ficha Limpa.
Com a entrada da Marina, Aécio caiu para o terceiro lugar no DF. Embora não tenha ido a Brasília, o candidato visitou Goiás, onde tem um de seus aliados mais fortes, o governador Marconi Perillo, do PSDB, que concorre à reeleição.
Minas Gerais:
Depois de abrir mão do Nordeste, a campanha tucana focou as agendas do presidenciável em São Paulo, seu maior colégio eleitoral, que tem a forte aliança do governador Geraldo Alckmin. Na reta final, porém, o partido sentiu que talvez não saísse vitorioso em Minas, onde Aécio Neves, ex-governador, tem a obrigação política de eleger seu sucessor. Apesar de o candidato ter reforçado as viagens a sua base eleitoral, Fernando Pimentel (PT) continua na frente do Pimenta da Veiga (PSDB).
Rio de Janeiro:
O três presidenciáveis brigam pelo voto do Rio, onde Marina liderava até pouco tempo, embora não com muita folga. Com o apoio de três dos candidatos ao governo, para Dilma é questão de honra ganhar no estado. Depois de dar um gás na sua agenda com os candidatos a governador, a presidenciável conseguiu ultrapassar Marina no último levantamento do Ibope.
São Paulo:
Todos três disputam o maior colégio eleitoral do país.
Na eleição estadual, o PSB é representado por Márcio França, homem forte do partido e candidato a vice na chapa de Alckmin, do PSDB. A despeito da filiação de França, Marina se recusou a subir no palanque dos tucanos, como era a intenção de Eduardo Campos.
Julgando que em Minas a campanha caminharia sozinha, num primeiro momento Aécio mirou São Paulo como alvo preferencial. O candidato, porém, não conseguiu surfar na popularidade de Alckmin, que pode levar ainda no primeiro turno.
Dilma tem um palanque fraco em São Paulo – Alexandre Padilha, candidato do PT, está com 11% das intenções de voto, e Paulo Skaf, candidato do PMDB, preferiu não fazer abertamente campanha para a petista. Nos últimos dias, a presidenciável foi ao estado acompanhada de seu principal cabo eleitoral, o ex-presidente Lula.
Rio Grande do Sul:
Os três candidatos viajaram ao Rio Grande do Sul, um dos estados onde a disputa está mais embolada. Dilma se mantém um pouco à frente, mas Marina e Aécio logo a acompanham e têm chance de virada. A petista se esforça para que Tarso Genro não perca a reeleição, enquanto Aécio espera recuperar o governo do estado elegendo Ana Amélia, do PP, que o apoia.
Pernambuco:
Em Pernambuco, Marina Silva e a viúva do ex-governador, Renata Campos, assumiram a missão de eleger o candidato do PSB ao governo, Paulo Câmara – depois da morte do líder do partido, Câmara saiu da retaguarda nas pesquisas e agora ocupa o primeiro lugar. Para Dilma seria fundamental ganhar nos estados do Nordeste, onde o PT vem obtendo vantagem nos últimos 12 anos, mas desde o início da campanha os petistas já haviam dado como perdida a eleição em Pernambuco, uma vez que Campos, o governador mais bem avaliado do país, certamente seria o mais votado.
Paraná:
É notável a ausência de Dilma no Paraná, onde Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil e muito próxima da presidenciável, está com apenas cerca de 10% das intenções de voto para o governo do estado. Beto Richa lidera e tem o apoio de Aécio Neves. Richa também era o candidato de Eduardo Campos, mas Marina, inicialmente contra as alianças com o PSDB nos estados, preferiu se manter neutra na campanha paranaense. Tal estratégia parece equivocada, pois a despeito de ter viajado ao estado para fazer campanha, a candidata perdeu a liderança nas pesquisas locais.