Nas horas seguintes ao 8 de janeiro, a polícia prendeu preventivamente 2,2 mil pessoas suspeitas de incitar ou participar diretamente da tentativa de golpe. A maioria delas foi solta, conforme avançaram as investigações e os trâmites normais da Justiça. Um ano depois, segundo balanço divulgado pelo Supremo Tribunal Federal, permaneciam presas 70 pessoas. Trinta foram condenadas. Nos Estados Unidos, passado um ano da invasão ao Capitólio, o número acumulado de prisões era menor (725, ao todo), mas setenta pessoas já haviam sido condenadas. Tanto lá quanto cá, ainda há um longo caminho pela frente. Mil e trezentas denúncias tramitam nos escaninhos do Supremo. Os casos, até aqui, ficaram restritos a invasores e a incitadores da multidão golpista. Os mentores ainda não estão no banco dos réus. O =igualdades mostra como a Justiça reagiu, até aqui, ao 8 de janeiro.
No dia da invasão, 243 pessoas foram presas em flagrante nos prédios públicos da Praça dos Três Poderes. Era uma fração pequena da multidão que depredou Brasília. No dia seguinte, veio uma resposta mais contundente da polícia: 1.927 manifestantes foram presos preventivamente, acusados de incitar o ato golpista. A maioria deles estava acampada em frente a quartéis exigindo uma intervenção militar que derrubasse o governo Lula. Em julho, 117 pessoas permaneciam presas. Em dezembro, segundo o Supremo, eram 70.
Dias depois da intentona, a Procuradoria-Geral da República criou o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos. Essa equipe é responsável por investigar as ações de quem estava no 8 de janeiro e formalizar as denúncias. No balanço mais recente, divulgado em dezembro, o grupo contabilizava 1.413 pessoas denunciadas, das quais 1.156 eram apontadas como incitadoras dos atos golpistas e 248 como executoras.
O primeiro condenado pelos atos de 8 de janeiro foi Aécio Lúcio Costa Pereira. Julgado no plenário do STF em setembro, ele foi sentenciado a 17 anos de prisão e a pagamento de multa pela depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes. Ele está entre os 232 réus denunciados por participação direta na invasão. Depois dele, outros 29 foram condenados por crimes como associação criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado.
O 8 de janeiro resultou em 2,2 mil pessoas presas, a maioria delas de forma preventiva, que acabaram sendo soltas poucos dias depois da invasão. Nos Estados Unidos, passado um ano da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o saldo total era de 725 prisões, número bem inferior ao brasileiro. Os americanos, no entanto, foram mais rápidos nos tribunais: em janeiro de 2022, setenta réus já tinham sido condenados por participação no ato golpista. No Brasil, em dezembro de 2023, só trinta tinham sido condenados.
As invasões e depredações em Brasília custaram milhões aos cofres públicos. O Supremo foi o que sofreu o maior prejuízo, ao menos segundo as estimativas recentes. Só a restauração do plenário do tribunal custou R$ 3,4 milhões. Além disso, 951 itens, entre eles obras de arte e equipamentos do dia a dia, foram furtados, quebrados ou completamente destruídos. No Congresso, a estimativa é de que a destruição tenha causado um prejuízo de R$ 4 milhões, valor concentrado principalmente na Câmara dos Deputados.