No momento em que se celebra os cinquenta anos de um dos eventos mais traumáticos do século XX, o assassinato do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, o documento reproduzido nesta página permite evocar sua figura aos trinta e oito anos, quatro antes de ser eleito.
Filho de um empresário milionário que havia sido embaixador dos Estados Unidos na Inglaterra logo antes da guerra, Kennedy, apelidado Jack, foi o presidente eleito mais moço.
O jovem Kennedy havia se casado com uma das moças mais bonitas e glamurosas dos Estados Unidos, Jacqueline Bouvier, depois conhecida como Jackie Kennedy. Formavam juntos um casal que logo impressionou o resto do mundo, pois a elegância de Jackie e a boa aparência de Jack ajudaram a criar uma mística em torno da Casa Branca, cuja memória marcou gerações e perdurou por décadas.
Este documento é uma carta dirigida a Kennedy pelo advogado e administrador de seu pai, Thomas Walsh, que supervisionava as finanças da família. Walsh submete a Kennedy as despesas dos primeiros nove meses do ano de 1955: as quantias são altíssimas, pois um dólar de 1955 é equivalente a mais de 20 dólares atuais em ternos de poder aquisitivo.
As despesas médicas são as mais elevadas, acima de vinte mil dólares (o equivalente hoje a cerca de quatrocentos mil), pois a saúde de Kennedy era delicada e suas costas o fizeram sofrer toda a vida, após um acidente grave durante a Segunda Guerra Mundial.
A segunda despesa mais alta é de “lojas de departamentos”. Pode-se imaginar que a jovem Jackie gastasse livremente em roupas, sapatos e acessórios e teria dispendido assim o equivalente a quase duzentos e cinquenta mil dólares em nove meses.
Mas a despesa que mais surpreende é a do automóvel, que custou na época menos de dois mil e quinhentos dólares, o equivalente hoje a cinquenta mil.
Kennedy faz uma observação manuscrita ao lado da menção da compra do carro, pois parece lembrar-se que a desembolso não foi dele: “Tom, isto está errado. Acredito que papai já tenha dado um cheque para pagá-lo. Jack”.
Aparentemente, Kennedy lembrou-se que seu pai já lhe havia dado de presente o carro que usava e que essa despesa deveria ser descontada da relação de seus gastos até setembro de 1955.
Kennedy já era senador e pode-se imaginar que com sua confortável fortuna não medisse despesas para satisfazer os caprichos de Jackie ou os gastos que sua condição de saúde lhe impunha, mas é curioso que não tenha sequer certeza de quem pagou seu automóvel.
Os documentos escritos ou assinados por Kennedy têm sido cobiçados por muitos colecionadores desde a sua morte, mas tornaram-se mais abundantes nas últimas décadas, à medida que morriam seus correspondentes e suas cartas eram oferecidas no mercado.
São hoje bastante mais comuns, mas aquelas de conteúdo mais interessante ainda suscitam disputa em leilões.