Em tempos de Spotify e Deezer, a disposição de mergulhar, de cabo a rabo, num álbum recém-lançado tende a esmorecer diante da facilidade de uma playlist convenientemente dominada por hits (https://piaui.folha.uol.com.br/materia/como-o-spotify-esta-monopolizando-nossos-ouvidos/. Ouvir Life is but a dream… – o novo disco da banda americana de heavy metal Avenged Sevenfold – é um lembrete de como a experiência de se entregar a um álbum do começo ao fim vale a pena ser preservada, mesmo que de vez em quando.
Lançado em junho de 2023, o oitavo trabalho de estúdio do grupo é assumidamente inspirado nos textos de Albert Camus e Franz Kafka, e discorre sobre as limitações, ilusões e principalmente sobre a brevidade da experiência humana. A primeira música, Game Over, abre ao som de um violão limpo, melódico, mas tocado com dureza, com as cordas agressivamente puxadas. Dura pouco. Logo entra o peso do metal progressivo característico da banda – a música é uma vertiginosa viagem do início ao fim da vida do indivíduo. Se Vinicius de Moraes dizia: “A gente mal nasce / Começa a morrer”, Avenged, com um niilismo mais direto e próprio ao gênero em que estão inseridos, dizem: “Dias vêm, dias vão, até que não haja mais dias por vir.”
Em 2013, a banda esteve no Rock in Rio. Com o festival prestes a celebrar 40 anos de existência, talvez fosse um bom momento para voltarem. Apesar de já ter 25 anos de estrada, Avenged Sevenfold é o expoente de uma nova geração de metaleiros, num gênero que geralmente é dominado pela velha-guarda e por bandas já extintas. No nicho de influenciadores metaleiros do YouTube, Life is but a dream… já tem se consolidado como a obra mais notável da banda.
Disponível em diversas plataformas de streaming.