A figura mais admirada da história americana talvez seja Abraham Lincoln, décimo sexto presidente dos Estados Unidos, assassinado em abril de 1865.
Lincoln venceu a Guerra Civil Americana e emancipou os escravos. Fisicamente, saía do molde da época: alto, magro, de cara cavada, usava suíças enormes, que evoluíram para uma barba sem bigode. Escrevia admiravelmente. Seu estilo não foi superado por nenhum outro presidente e muitas de suas frases tornaram-se lapidares para os americanos.
Entre os colecionadores dos Estados Unidos, fotografias originais assinadas por Lincoln são objetos de desejo permanente. Um dos motivos é sua raridade: Lincoln não as autografava com frequência e a maioria se perdeu. Numa pesquisa conduzida há meio século, foram registradas apenas algumas dezenas delas em coleções públicas ou privadas. A força das imagens também seduz: muitas são de autoria de grandes fotógrafos como Matthew Brady ou Alexander Gardner e mostram um presidente com feições fortes, que nunca sorri. Boa parte das imagens assinadas que sobreviveram foi revelada no pequeno formato carte-de-visite (10 X 6 cm), extremamente popular numa época em que um dos passatempos favoritos entre familiares e amigos era trocar fotografias.
A carte-de-visite reproduzida nesta página integrava um conjunto de dez fotos iguais que o presidente assinou para serem vendidas numa festa abolicionista. Desse grupo, localizaram-se três imagens, incluindo esta, que passou por seis coleções prestigiosas nos últimos cem anos.
A imagem é de Alexander Gardner, famoso por sua cobertura da Guerra Civil, e procura mostrar Lincoln numa pose mais descontraída, como se estivesse à mesa do café da manhã, lendo um jornal.