Crivella exagera dados sobre o Rio em evento empresarial no Copacabana Palace
Na última segunda-feira (5), o prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), teve uma oportunidade de conseguir alavancar negócios para e na cidade. Almoçou com mais de 150 empresários do grupo Lide no hotel Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro. No encontro, pediu apoio para enfrentar a crise econômica e anunciou que a saúde e a educação estarão no foco de seu governo. Ao defender essas linhas de atuação e responder perguntas da plateia, no entanto, Crivella usou diversos dados. A Lupa passou os últimos dias checando alguns deles. Confira abaixo o resultado:
BUROCRACIA
Ao falar sobre burocracias que impedem o avanço de parcerias internacionais, Crivella fez referência a uma disputa tributária que existe entre o consulado americano no Rio de Janeiro e a administração de Eduardo Paes. Segundo ele, pendências como essa podem atrapalhar a abertura de novos consulados brasileiros nos Estados Unidos e, consequentemente, novas frentes de negociação.
“Nós só temos cinco consulados lá [nos Estados Unidos]”
De acordo com informações do Itamaraty, o Brasil mantém 10 consulados nos Estados Unidos. Eles ficam nas cidades de Atlanta, Boston, Chicago, Hartford, Houston, Los Angeles, Miami, Nova York, São Francisco e Washington. Crivella minimizou o número para marcar sua posição. Ou seja, exagerou na crítica.
Procurado para comentar, o prefeito eleito não retornou.
CURRÍCULO
Em seu discurso, Crivella enalteceu seu conhecimento sobre o Rio de Janeiro e se lembrou da época em que era engenheiro e percorria o estado. Disse que tem 100 obras registradas no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e que:
“Dessas 100 obras, pelo menos, umas 40 foram feitas no Rio de Janeiro”
De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Marcelo Crivella possui 15 Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) no estado. Este registro é o que “confere legitimidade documental e assegura, com fé pública, a autoria e os limites da responsabilidade e participação técnica em cada obra ou serviço”. É o documento que mostra as obras em nome do prefeito eleito. Das 15 em que Crivella esteve envolvido, 13 eram ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus, entidade da qual o prefeito eleito é bispo licenciado.
Crivella foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou.
EMPRÉSTIMO
O prefeito eleito também afirmou que o Rio de Janeiro possui recursos já destinados para o desenvolvimento de alguns setores e lembrou o que considera uma conquista do atual prefeito:
“Eduardo [Paes] pegou empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco Mundial [para a cidade]”
Em agosto de 2010, o prefeito Eduardo Paes realmente tomou empréstimo com o Banco Mundial, mas o valor não é citado por Crivella. O repasse no banco somou US$ 1,045 bilhão e foi o maior empréstimo feito pela organização a um município. Ainda de acordo com banco, o empréstimo tinha como objetivo “promover o crescimento econômico por meio do apoio à política fiscal da cidade, liberando espaço para investimentos, aumentando a qualidade dos serviços de saúde e educação, simplificando o processo de abertura de empresas, e modernizando a gestão pública municipal”.
SEGURANÇA
Questionado sobre suas principais medidas para a melhorar a segurança pública da cidade, o prefeito eleito afirmou o seguinte:
“Me comprometi [na campanha] a armar a Guarda [Municipal] com armas não-letais”
O programa de governo de Marcelo Crivella tem, na página 5, uma parte dedicada à “Segurança e Guarda Municipal”. No tópico 22, Crivella promete “estabelecer, logo no primeiro ano de governo e por meio de uma parceria com a Força Nacional de Segurança Pública e com o apoio de intercâmbios internacionais, um programa de requalificação para os guardas municipais voltado para o uso adequado de armas não letais”.

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