Febre amarela e outras doenças: o que você precisa saber sobre vacinação?
No final da semana passada, o Ministério da Saúde anunciou que o surto de febre amarela que preocupava o país desde dezembro de 2016 chegou ao fim. O último caso confirmado da doença foi em junho, no Espírito Santo. De acordo com a pasta, até 1º de agosto deste ano, foram confirmados 777 casos e 261 óbitos causados pela doença.
O Ministério ressalta, porém, que é preciso manter a vacinação – sobretudo no Sudeste e na Bahia – para que a doença não volte a ser um problema nacional. Por isso, a Lupa passou os últimos dias monitorando tuítes que tratam da vacina contra a febre amarela e de outras doenças e, em parceria com a Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, derruba alguns mitos em torno desse assunto.
“Acordei cedo pra tomar vacina da febre amarela, pois, segundo minha mãe, pode ter nova epidemia”
A Fiocruz explica que o surto de febre amarela que ocorreu no verão de 2016/2017 pode se repetir no próximo verão se a população não se vacinar antes disso. Por isso, deve-se aproveitar a calmaria do inverno e imunizar toda a população contra a febre amarela. Os 1.121 municípios com recomendação para vacina se concentram nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Confira a lista completa aqui.
“Há casos de mortes ligados à vacina de febre amarela”A vacina de febre amarela tem poucos efeitos colaterais para a grande maioria das pessoas. Entretanto, podem ocorrer eventos adversos graves associados à vacina.
Os mais graves são a doença viscerotrópica, que é semelhante à própria febre amarela, e a meningoencefalite, em geral benigna, mas que pode ser preocupante.
A doença viscerotrópica, mais frequente em idosos, ocorre em cerca de 1 caso para cada 300 mil doses aplicadas. Já a ocorrência de meningoencefalite, que afeta mais as crianças, é estimada em 1 caso para 100 mil doses.
A Fiocruz diz que, em parceria com a Universidade Rockefeller, nos EUA, está fazendo uma pesquisa para saber se há relação entre a doença e fatores genéticos. A Fiocruz ressalta também que a vacina continua sendo extremamente benéfica porque, entre os que são infectados pela febre amarela, há aproximadamente um caso grave para cada 20 pessoas infectadas.
“Tomei vacina contra a febre amarela. Tenho que ficar oito dias sem mover o braço”A Fiocruz explica que essa alegação não tem qualquer fundamento. O braço pode ser movimentado livremente após a vacinação contra febre amarela – e após qualquer outra vacinação.
“Tomei a vacina da febre amarela agora, e a mulher já foi falando: ‘não pode ficar grávida nos próximos 30 dias'”Essa é uma recomendação geral que se aplica a todas as vacinas vivas atenuadas, grupo que inclui também as vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola. Trata-se de uma recomendação teórica, pois estudos realizados até agora não evidenciaram problemas nos bebês de mulheres vacinadas inadvertidamente durante a gestação com qualquer uma dessas vacinas.
“Vacina dada contra sarampo, rubéola e caxumba está ligada ao desenvolvimento de autismo”De acordo com a Fiocruz, nenhuma vacina tem ligação causal com o autismo, e este é um assunto que já foi amplamente estudado. A origem dessa alegação foi um artigo fraudulento, infelizmente publicado numa revista médica de prestígio, em 1998. A revista já retirou esse artigo de seus arquivos.
Desde então, houve numerosos estudos, com a participação de grupos independentes, e a possibilidade dessa associação causal entre autismo e a vacina foi definitivamente afastada. A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola é segura, com poucas contraindicações.
“A vacina da gripe não serve pra nada”A Fiocruz explica que um estudo de 2013, feito com a participação da Organização Panamericana da Saúde, do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos e da Escola de Saúde Pública de Bruxelas, revelou que esta vacina conferiu proteção moderada contra a influenza grave em crianças e adultos na América Latina.
É comum ouvir queixas de pessoas que, mesmo após a vacina, acabam contraindo alguma virose. Mas é preciso lembrar que a vacina contra a gripe é contra o vírus influenza e que há muitos outros vírus respiratórios que não são cobertos pela vacina e que podem causar doenças semelhantes à gripe.
“Ontem eu descobri que não fiz nenhuma vacina contra caxumba e mesmo assim não peguei”A Fiocruz explica que há muitos casos de caxumba em que não se verifica o aumento das parótidas. É o aumento dessas glândulas, situadas logo abaixo das orelhas, que permite o diagnóstico clínico da caxumba. Portanto, muitas pessoas tiveram caxumba, não sabem que tiveram e estão imunes contra a doença. Estudos realizados nos EUA mostraram que a vacina de caxumba reduz muito a incidência da doença. Estima-se que uma dose tem uma efetividade de 78% na proteção, e duas doses 88%. Portanto, existe a possibilidade de ocorrência de caxumba em vacinados.
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