PMDB dá números contraditórios sobre a criação de empregos no país
Desde a última quinta-feira (16), o PMDB veicula uma série de propagandas partidárias gratuitas na televisão. São 11 vídeos de cerca de 30 segundos, que serão exibidos até sexta-feira (24). Eles preparam a população para um programa de dez minutos que deverá ir ao ar na próxima terça-feira, dia 28.
Nas inserções que já circulam, o PMDB ataca as denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, por conta da Operação Lava Jato, e faz comparações entre a situação econômica de hoje e a do governo Dilma Rousseff.
A Lupa analisou alguns dos dados econômicos apresentados e checou seu grau de veracidade. Veja abaixo o resultado:
“Só neste ano [2017], já foram criados mais de um milhão de empregos”
Programa partidário do PMDB, novembro de 2017Na terça-feira (21), em sua página de Facebook, o partido publicou uma imagem com uma frase diferente: “302,1 mil é o número de vagas de empregos criadas em 2017”.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, entre janeiro e outubro de 2017, foram registradas 12,5 milhões de admissões e 12,2 milhões de demissões, gerando um saldo positivo de 302 mil empregos. Logo, a informação correta é a que o PMDB colocou no Facebook – não na TV.
Esse “um milhão de empregos gerados em 2017” já havia sido citado – de forma também exagerada – pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista à TV NBR.
“A inflação caiu, e os juros estão caindo. A produção industrial e agrícola aumentaram [em relação ao governo Dilma]”
Programa partidário do PMDB, novembro de 2017As quatro informações estão corretas. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, a inflação acumulada dos últimos 12 meses, ou seja, do início de novembro de 2016 ao fim de outubro de 2017, está em 2,7%. Em abril de 2016, esse índice estava em 9,28%. É importante destacar, no entanto, que já havia uma tendência de queda, visto que o pico da inflação no país durante a atual crise ocorreu em janeiro de 2016, quando o IPCA atingiu 10,71%.
Já a Taxa Selic, taxa básica de juros definida pelo Banco Central, estava em 14,15% em 12 de maio de 2016, data em que Dilma foi afastada da presidência, e, atualmente, está em 7,4%.
A produção industrial, por sua vez, aumentou ligeiramente de 2016 para cá. Segundo a edição de setembro da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIMPF), do IBGE, a produção cresceu em 0,4% no acumulado dos últimos 12 meses. Entre maio de 2015 e 2016, houve uma redução de 10,4%.
E, finalmente, segundo dados do Ministério da Agricultura relativos a outubro deste ano, o valor bruto da produção agropecuária cresceu 1,6% em relação a 2016 – indo de R$ 525 milhões para R$ 533 milhões, em valores corrigidos pelo IGP-DI. Entre 2015 e 2016, no mesmo período, houve uma ligeira redução, de 0,3% – também em valores corrigidos.
“Já está mais barato para comer, para vestir, para morar. Já está mais barato para viver”
Programa partidário do PMDB, novembro de 2017Pode haver aqui uma confusão entre queda na inflação e deflação. O fato da inflação ter diminuído não quer dizer que as coisas estejam mais baratas e, sim, que os preços estão subindo mais devagar.
No acumulado do ano, o IPCA está em 2,7%. E este índice é separado em nove diferentes itens, incluindo os três citados na propaganda: alimentação, vestuário e habitação. No primeiro item, de fato, houve uma redução: de 2,14%. Entretanto, os outros dois registraram alta: de 2,45% e 5,03%, respectivamente. Em outras palavras, está mais barato para comer, mas para vestir e morar, está mais caro hoje do que há um ano atrás.
Procurado, o PMDB não retornou.
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