Debate Folha, UOL e SBT entre presidenciáveis: checamos em tempo real
A Folha de São Paulo, o UOL e o SBT promoveram nesta quarta-feira o quarto debate entre candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano. Oito candidatos participaram: Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSOL) e Cabo Daciolo (Patriota). Jair Bolsonaro (PSL) ainda está hospitalizado, se recuperando do atentado sofrido no dia 6 de setembro, e não esteve no encontro.
A Lupa acompanhou o debate, checando as frases ditas pelos presidenciáveis em tempo real. As checagens também foram publicadas no Twitter, no @agencialupa. As assessorias das campanhas dos presidenciáveis foram avisadas e poderão enviar comentários sobre as verificações a qualquer momento.
Veja o resultado da checagem do debate promovido por Folha, UOL e SBT:
“Fui expulso [do PSDB] porque apoiei a instalação de uma CPI para investigar a corrupção”
Alvaro Dias (Podemos)
Em 2001, Alvaro e seu irmão, Osmar Dias, eram senadores filiados ao PSDB e assinaram o requerimento de abertura da chamada CPI da Corrupção, que investigaria casos de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB. A Executiva do partido decidiu que eles seriam expulsos caso não retirassem suas assinaturas. Os dois mantiveram sua posição e, de fato, foram expulsos. Os dois migraram para o PDT. Osmar está no partido até hoje, mas Alvaro retornou ao PSDB em 2003 – e lá ficou até 2016.
“Todas as pesquisas mostram que eu ganho do Haddad e ganho do Bolsonaro no segundo turno”
Ciro Gomes (PDT)
As pesquisas de intenção de voto mais recentes, de fato, indicam vitórias de Ciro Gomes sobre Haddad (PT) e sobre Bolsonaro (PSL) em possíveis cenários de segundo turno. No último levantamento do Ibope, publicado nesta quarta-feira (26), no segundo turno, Ciro tem 44% das intenções de voto, contra 35% de Bolsonaro. A simulação contra o candidato do PT não foi feita. Já no Datafolha mais recente, divulgado no dia 20 de setembro, Ciro tem 41% das intenções de voto, enquanto Haddad tem 34%. No cenário contra Bolsonaro, o pedetista fica com 45% das intenções, contra 39% do candidato do PSL.
“Eu não faço parte do governo [Temer]”
Henrique Meirelles (MDB)
Henrique Meirelles foi ministro da Fazenda do governo Temer até abril de 2018 e só deixou o cargo para entrar na disputa à Presidência, como candidato do MDB – partido do presidente. O ex-ministro defende um programa de governo totalmente alinhado ao governo de Michel Temer. Entre as propostas que Meirelles registrou no TSE, está, por exemplo, a realização da Reforma da Previdência nos moldes que o atual presidente não conseguiu aprovar. Vale lembrar que, antes de ser oficializado como candidato, Meirelles considerou a possibilidade de ser vice em uma chapa com Temer disputando a reeleição.
“Meirelles [está] gastando R$ 43 milhões [na campanha]. Nós gastamos R$ 700”
Cabo Daciolo (Patriota)
A campanha de Henrique Meirelles (MDB) à Presidência da República já tem R$ 43,3 milhões em despesas contratadas. Deste montante, já foram pagos R$ 31 milhões, de acordo com a prestação de contas feita pelo candidato ao portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O próprio Meirelles doou R$ 45 milhões. Já Daciolo gastou R$ 738,37 em sua campanha. O valor é referente à taxa de administração de um financiamento coletivo.
“[Eu tenho uma proposta para criar] 4 milhões de vagas em creches”
Alvaro Dias (Podemos)
O programa de governo que Alvaro Dias registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem a proposta de criar 4 milhões de vagas em creches no Brasil. Contudo, em agosto, o candidato do Podemos participou de um evento em Brasília e se comprometeu com esse número de vagas, em creches públicas ou privadas.
“No ProUni, concedemos 2 milhões de bolsas”
Fernando Haddad (PT)
O Prouni concedeu 2,5 milhões de bolsas a estudantes no Brasil entre 2004, quando foi criado, e julho de 2018, dado mais recente fornecido pelo Ministério da Educação. Mas, se analisado apenas o período em que Haddad esteve à frente do Ministério da Educação, de 2005 a 2012, o número de bolsas concedidas é menor do que o mencionado: foram 1.574.999. Em sua fala, o petista não indica se faz referência à sua gestão à frente do Ministério da Educação ou se a todo o período de vigência do programa. O ProUni começou a ser implementado em 2005 e, em seu primeiro ano, ofereceu 112.275 bolsas para que jovens entrassem na universidade.
“O PMDB nunca ganhou uma eleição presidencial”
Guilherme Boulos (PSOL)
Desde a redemocratização do Brasil, o MDB teve três presidentes, mas nunca venceu uma eleição à Presidência da República. Foram eles: José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.
“Aqueles que se aposentam mais cedo são aqueles que ganham mais”
Henrique Meirelles (MDB)
Segundo o Boletim Estatístico da Previdência (BEP) de julho de 2018, o valor médio das aposentadorias por idade é de R$ 969,64 por mês. Já as aposentadorias por tempo de contribuição têm um valor médio de R$ 1.986,08. Foram considerados os benefícios emitidos em julho.
“40% dos lares brasileiros [são] liderados por mulheres”
Marina Silva (Rede)
De acordo com a pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e de Raça”, produzida pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 40,5% das famílias são chefiadas por mulheres. Os dados são de 2015.
“Corrupção desvia R$ 200 milhões do dinheiro brasileiro”
Marina Silva (Rede)
Marina Silva repete sua fala do debate da TV Aparecida, mas não há dados sobre o montante de recursos desviados por corrupção no Brasil. A informação ganhou força nos últimos anos a partir de falas de Deltan Dallagnol, procurador da República e membro da Operação Lava Jato. Em diversas ocasiões, Dallagnol afirmou que são desviados R$ 200 bilhões por ano no Brasil em escândalos de corrupção. A Lupa checou a informação em 2016, e, à época, procurador afirmou que sua fonte era o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Mas o programa nunca produziu pesquisas para calcular quanto de verba pública foi desviada pela corrupção no Brasil. Releia a íntegra da checagem aqui.
“Maioria dos [partidos] que estão no palanque do Alckmin estavam no palanque da Dilma”
Marina Silva (Rede)
Nove partidos fazem parte da coligação que apoia Geraldo Alckmin em 2018: PSDB, PTB, PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB e PSD. Destes nove, quatro apoiaram Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2008: PSD, PP, PR e PRB. Outros quatro partidos, PSDB, DEM, Solidariedade e PTB apoiaram Aécio Neves (PSDB), e o PPS apoiou a própria Marina Silva.
“Dá pra fazer 1,2 milhão de vagas na universidade pública [com R$ 60 bilhões]”
Guilherme Boulos (PSOL)
Dados do Inep mostram que o investimento público direto médio por aluno no ensino superior é de R$ 21.874,90, em valores de 2014. Trazidos a valores de 2018, corrigidos pelo INPC, esse valor corresponde a R$ 23.796,87. Portanto, com R$ 60 bilhões seria possível criar 2,5 milhões novas vagas nas universidades.
“[Como ministro da educação, levei] banda larga para todas as escolas urbanas”
Fernando Haddad (PT)
Em 2012, ano em que Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação, 59,9 mil instituições de ensino eram atendidas pelo programa Banda Larga nas Escolas, criado em 2008, durante a gestão dele na pasta. O número equivalia a 86% – e não à totalidade – das 69,6 mil instituições de ensino urbanas, segundo o censo escolar de 2010, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. Em abril de 2018, o Brasil contava com 63.459 mil escolas públicas urbanas com internet gratuita. Os dados são da Anatel.
“Temos mais de 400 milhões na extrema pobreza”
Cabo Daciolo (Patriota)
A população brasileira total é de apenas 208,4 milhões de pessoas, segundo estimativas do IBGE. Portanto, não é possível que haja 400 milhões de brasileiros em situação de extrema pobreza, como disse Daciolo.
“[Temos] Mais de 50 milhões na pobreza”
Cabo Daciolo (Patriota)
O número de pessoas vivendo em situação de pobreza no Brasil é de 52,4 milhões, segundo o IBGE.
“[Temos mais de 50 milhões na pobreza] Vivendo com R$ 140 por mês”
Cabo Daciolo (Patriota)
De acordo com o Banco Mundial, são considerados pobres em países do porte econômico do Brasil aqueles que vivem com US$ 5,50 por dia – ou cerca de R$ 600 por mês – e não R$ 140 mensais. Pelo critério adotado nos programas Brasil Sem Miséria e Bolsa Família – que estabelece como linha de corte R$ 170 mensais -, o número de brasileiros abaixo da linha da pobreza é de 16 milhões.
“Você [Fernando Haddad] foi pedir benção para Renan Calheiros [MDB-AL], que também apoiou o impeachment”
Marina Silva (Rede)
À época presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). No dia 2 de setembro, ainda como candidato a vice-presidente na chapa do PT, Haddad fez campanha ao lado de Calheiros.
“Fomos nós [do governo de SP] que descobrimos [a máfia da merenda]”
Geraldo Alckmin (PSDB)
O esquema de corrupção que ficou conhecido como Máfia da Merenda – superfaturamento e pagamento de propina em contratos de entrega de merenda para escolas paulistas, revelado em 2016 – não foi resultado de investigações comandadas pelo governo de SP. O esquema foi descoberto quando membros da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) fizeram denúncias de que políticos recebiam propina para liberar contratos com o governo de SP e outras prefeituras. Depois, a Polícia Civil e o Ministério Público deflagraram a Operação Alba Branca, destinada a investigar os envolvidos. O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), acusado de desviar R$ 1,1 milhão no esquema, chegou a ser denunciado pelo Ministério Público, virou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas a ação foi trancada em junho deste ano por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Você [Marina Silva] participou desse movimento [para o impeachment de Dilma Rousseff]”
Fernando Haddad (PT)
Em abril de 2016, Marina Silva admitiu ser favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“São Paulo cresceu no Ideb no primeiro ciclo, cresceu no Ideb no segundo ciclo e perdeu 0,1 no Ensino Médio”
Geraldo Alckmin (PSDB)
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostrou que a nota da rede de ensino estadual de São Paulo cresceu nos anos iniciais e finais do ensino fundamental e caiu 0,1 ponto no Ensino Médio. Mas o estado atingiu a meta do índice apenas nos anos iniciais do ensino fundamental. Neste nível, a nota da rede estadual passou de 6,4 em 2015 para 6,5 em 2017.
Nos anos finais do ensino fundamental, SP cresceu de 4,7 para 4,8. Já no ensino médio, a nota caiu de 3,9 para 3,8. Vale ressaltar que, em 2015, São Paulo tinha o melhor índice do país para o ensino médio, junto com Pernambuco. Em 2017, o estado perdeu essa posição, sendo ultrapassado por Pernambuco, Espírito Santo e Goiás.
“Meu estado, o Ceará, tem a menor mortalidade infantil do Brasil”
Ciro Gomes (PDT)
De acordo com o IBGE, o Ceará ocupa o 11º lugar no ranking de mortalidade infantil – com 14,4 mortes a cada 100 mil habitantes, em 2016. Dez estados têm taxas menores: Espírito Santo (8,8), Santa Catarina (9,2), Paraná (9,3), Rio Grande do Sul (9,6)São Paulo (9,9), Distrito Federal (10,5), Minas Gerais (10,9), Rio de Janeiro (11,5), Pernambuco (12,7) e Mato Grosso do Sul (14).
Editado por: Cristina Tardáguila e Natália Leal
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