Doria omite greves de professores quando era prefeito e erra dados sobre segurança em SP
Assim como o presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria, participou do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Na quarta-feira (23), Bolsonaro apontou o ex-prefeito como seu sucessor na presidência do país. Durante o evento, Doria concedeu entrevista à Folha de S.Paulo e escreveu um artigo que foi publicado no jornal O Globo. A Lupa verificou algumas frases ditas pelo governador de São Paulo. Veja o resultado:
“Não tivemos greve [dos professores] na prefeitura na minha gestão”
João Doria, governador de São Paulo, em entrevista à Folha de S.Paulo no dia 22 de janeiro de 2019
Durante o período de 15 meses em que foi prefeito de São Paulo, João Doria enfrentou duas greves dos professores municipais. A primeira, logo no início da gestão, começou em 15 de março de 2017 e terminou no dia 31 daquele mês. Os servidores reivindicavam a melhoria do piso salarial e das condições de trabalho. Também protestavam contra as reformas trabalhista, da Previdência e do ensino médio propostas pelo governo federal.
Mais longa, a segunda greve ocorreu entre os dias 8 e 28 de março de 2018. O foco da paralisação foi a reforma da Previdência dos servidores municipais, defendida por Doria. Durante uma manifestação contra o projeto de lei que tramitava na Câmara Municipal, uma professora de ensino infantil ficou ferida após ser agredida por integrantes da Guarda Civil Metropolitana. A greve foi suspensa quando vereadores decidiram retirar o projeto da pauta, para discussões, por um período de 120 dias.
Procurada, a assessoria de Doria afirmou que se referia a greves gerais em defesa de reajuste salarial que ocorreram em gestões anteriores. “As paralisações também não resultaram em prejuízos aos alunos, uma vez que ocorreram em início de ano letivo e as aulas foram devidamente repostas no período de recesso das aulas”, diz a nota.
“Foi no último ano do último governo federal comandado pelo PT que o Brasil rompeu o patamar dos 60 mil homicídios anuais”
João Doria, governador de São Paulo, em artigo no jornal O Globo no dia 22 de janeiro de 2019
Segundo os dados do Atlas da Violência 2018, o número de homicídios anuais passou de 60 mil em 2014 – foram 60.474 homicídios registrados no Brasil. Naquele ano, o PT governava o país, com a ex-presidente Dilma Rousseff. Mas esse não foi o último ano de governo petista no Brasil. Dilma só foi afastada do governo em maio de 2016 e teve seu impeachment confirmado em agosto daquele ano.
Vale ressaltar que o número de homicídios caiu para 59.080 em 2015 e voltou a aumentar em 2016, contabilizando um total de 62.517.
Procurada, a assessoria de Doria afirmou que o governador referiu aos números de 2014 registrados no Atlas da Violência 2016. O estudo indica que foram registrados 59.627 homicídios no Brasil em 2014. No entanto, segundo o Ipea, que elabora o atlas, os números da publicação de 2016 eram preliminares e, por isso, houve diferença. O dado oficial mais recente, segundo o instituto, é de que houve 60.474 homicídios em 2014 no Brasil.
“São Paulo já tem (…) 6,4 homicídios por 100 mil habitantes (…)”
João Doria, governador de São Paulo, em entrevista à Folha de S.Paulo no dia 22 de janeiro de 2019
Os dados do Atlas da Violência 2018, o mais recente divulgado pelo Ipea, apontam que a taxa de homicídios de São Paulo ficou em 10,9 homicídios por 100 mil habitantes em 2016. Esse número é 41,2% acima do dado citado pelo governador de São Paulo, João Doria.
Já o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que a taxa de mortes violentas intencionais no estado foi de 10,7 por 100 mil habitantes em 2017. O indicador é uma soma entre homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, vitimização policial e mortes decorrentes de intervenção policial.
Os dados do portal de transparência da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que a taxa de homicídios em 2018 foi de 7,06 por 100 mil habitantes.
Procurado, a assessoria de Doria afirmou que o estado de São Paulo tem a menor taxa de homicídios do Brasil.
“(…) A média nacional nos estados é 30 [homicídios] por 100 mil”
João Doria, governador de São Paulo, em artigo no jornal O Globo no dia 22 de janeiro de 2019
O Atlas da Violência 2018 informa que a média nacional foi de 30,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2016. Em 2017, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que a taxa foi de 30,8 homicídios por 100 mil brasileiros.
“[Em São Paulo], temos as menores taxas de homicídios de negros, jovens, mulheres”
João Doria, governador de São Paulo, em artigo no jornal O Globo no dia 22 de janeiro de 2019
O Atlas da Violência 2018 mostra que São Paulo tem, de fato, a menor taxa de homicídios de negros, jovens e mulheres. O estudo mostrou que a taxa homicídios de negros por 100 mil habitantes em São Paulo foi de 13,5 em 2016. Depois de São Paulo, o estado que tem menor indicador foi o Paraná, com uma taxa de 19 mortes por 100 mil habitantes.
Em relação aos jovens, o levantamento mostrou que a taxa de São Paulo foi de 19 homicídios por 100 mil habitantes. Santa Catarina apareceu com o segundo menor índice, com 27 homicídios por 100 mil habitantes. Por último, a taxa de mulheres mortas em São Paulo foi de 2,2 por 100 mil. Com uma taxa de 3 homicídios por 100 mil habitantes, o Piauí aparece com o segundo menor indicador.
Editado por: Cristina Tardáguila e Natália LealO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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