Bolsonaro erra ao afirmar que Centrão surgiu com apoio a Alckmin em eleições
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) gravou entrevista para o Domingo Espetacular, da Rede Record, logo após as manifestações em apoio ao governo federal que ocorreram no último domingo (26). Ele elogiou o ato, que classificou como pacífico e sintonizado com as pautas defendidas pelo Executivo. Bolsonaro defendeu harmonia entre os três poderes e comprometeu-se a conversar mais com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. A Lupa analisou algumas das frases ditas por ele. Confira o resultado:
“Esse nome [Centrão] surgiu lá atrás, quando o senhor Geraldo Alckmin juntou vários partidos para apoiá-lo por ocasião das eleições [presidenciais]”
Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista para o Domingo Espetacular, da Record, no dia 26 de maio de 2019
O Centrão surgiu durante a Assembleia Nacional Constituinte, no final de 1987 – portanto, bem antes de Geraldo Alckmin se candidatar em qualquer eleição presidencial. Naquele ano, durante as discussões para construção da Constituição Federal, o grupo, formado por partidos de centro-direita, tinha o objetivo de defender a livre iniciativa e, de acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), apoiar o presidente José Sarney. O grupo era composto por parlamentares do PFL, PMDB, PDS, PTB, PL e PDC.
As articulações do grupo já eram mencionadas pelo jornal O Estado de S.Paulo em 4 de novembro de 1987. Na época, o Centrão havia acabado de se articular e garantia ter maioria absoluta dos votos, com 280 entre os 559 constituintes. Houve ação direta do governo Sarney para obter apoio de parlamentares e fortalecer esse grupo, com distribuição de verbas, cargos e concessões de rádio e TV. Várias mudanças no projeto da Constituição foram conseguidas depois que os parlamentares desses partidos mudaram o regimento. O bloco também deu um mandato de cinco anos para Sarney. A ação conjunta desses partidos, no entanto, entrou em declínio depois que a Carta foi aprovada, em 1988.
Práticas similares às utilizadas pelo governo Sarney para formar maioria parlamentar foram noticiadas pela Folha de S.Paulo em 9 de novembro 2006, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, o ressurgimento do Centrão como bloco no Congresso só voltou a ser debatido em 2011, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Atritos do governo com o então PMDB (hoje MDB), por conta de uma troca de ministros acusados de corrupção, levaram ao desejo de formar um grupo independente liderado pelo partido. Na época, criou-se um bloco informal que contava com MDB, PR, PP, PTB e PSC.
O Centrão só voltou a ser um bloco melhor articulado após as eleições de 2014, no segundo mandato de Dilma. Foi liderado pelo deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ), que se elegeu presidente da Câmara em 2015. Após o impeachment, o MDB deixou o grupo, que passou a ser formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB e outros partidos nanicos.
Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.
“Segurei aproximadamente 3,6% do montante (…) [do orçamento previsto para o Ministério da Educação]”
Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista para o Domingo Espetacular, da Record, no dia 26 de maio de 2019
A Lei Orçamentária Anual de 2019 previa um orçamento de R$ 122,9 bilhões para o Ministério da Educação. O contingenciamento anunciado pelo governo federal em março somou R$ 5,8 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Economia. Essa quantia representa 4,7% do total da verba do ministério, ou seja, é superior aos 3,6% do montante citados por Bolsonaro.
O governo chegou a anunciar que aumentaria o contingenciamento na pasta para R$ 7,3 bilhões, em maio. Isso representaria um congelamento de 5,94% do total previsto para o Ministério da Educação. Após ser pressionado, houve recuo e o valor represado voltou a ser de R$ 5,8 bilhões.
Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.
“Eu estive há pouco no Texas, Estados Unidos. Aquele estado, se eu não me engano, se fosse sozinho, seria a décima economia do mundo”
Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista para o Domingo Espetacular, da Record, no dia 26 de maio de 2019
O Bureau de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês), órgão oficial das estatísticas dos Estados Unidos, afirma que o Texas gerou um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 1,695 trilhão em 2017. Se comparado com o resultado obtido por países, disponível no site do Banco Mundial, o estado americano seria, de fato, a décima maior economia do mundo, atrás da Itália, com PIB de US$ 1,943 trilhão em 2017, e à frente do Canadá, que teve PIB de US$ 1,647 trilhão naquele ano.
Editado por: Chico Marés e Natália LealO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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