#Verificamos: Antropólogo detido na Amazônia não é ‘esquerdista achando que o governo é do PT’
Circula nas redes sociais um vídeo no qual o antropólogo Edward Luz é detido por invasão a terra indígena. Na legenda, é dito que o antropólogo seria um “esquerdista achando que o governo é do PT”, e que graças ao vice-presidente Hamilton Mourão a “Amazônia agora é do Brasil”. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Olha aí um Esquerda chegando nas Terras Indígenas, achando que o Governo era do PT. Agora quem manda não são mais as OGN (sic). É o Vice Presidente Mourão.Amazonia agora é do Brasil”
Legenda de vídeo publicado no Twitter que, até as 19h do dia 17 de fevereiro, tinha sido retuitado por mais de 1,4 mil pessoas
A informação analisada pela Lupa é falsa. A pessoa que aparece no vídeo é o antropólogo Edward Luz, apoiador do presidente Jair Bolsonaro e crítico de ambientalistas e da esquerda em geral. Em seu perfil no Twitter, ele próprio disse o seguinte, sobre a sua prisão: “Tentei evitar que os esquerdistas do Ibama continuassem com sua prática de terrorismo e destruição desobedecendo a determinação do ministro Ricardo Salles”.
No último domingo (16), Luz foi detido na Terra Indígena Ituna Itatá, no Pará, quando tentava impedir uma ação do Ibama na região. Agentes do instituto retiravam gado do local, quando o antropólogo, filmando a si mesmo, exigiu que eles parassem, citando uma suposta ordem do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Após insistência, os agentes prenderam Luz. Ele foi solto horas depois. Posteriormente, Salles disse à Folha de S.Paulo que “não via problemas” na operação até o momento.
Inicialmente, o vídeo começou a circular nas redes em páginas ligadas à esquerda, identificando Luz, corretamente, como um apoiador de Bolsonaro. Porém, nesta segunda-feira, perfis de direita começaram a publicar uma versão falsa do mesmo vídeo, dizendo que o antropólogo seria um “esquerdista”.
O caso
Ituna Itatá é a terra indígena que teve mais desmatamento nos meses de novembro, dezembro e janeiro, segundo a ONG Imazon: 2,6 mil hectares em apenas três meses. A área total é de 142 mil hectares. Há cerca de um mês, o Ibama mantém presença permanente na área. Em 11 de fevereiro, Luz se reuniu, junto com o senador Zequinha Marinho (PSC-PA), com Salles e representantes do MPF, para solicitar a suspensão das ações do Ibama.
Ao contrário do que afirma Luz, na reunião, ficou decidido que a operação seria mantida dentro da área reservada. Fora da área reservada, a remoção de população “em situação de vulnerabilidade social” foi suspensa por 30 dias. Entretanto, “caso venham a ser constatados novos desmatamentos, as ações do Ibama na área não demarcada retornarão”.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Natália Leal e Nathália Afonso
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