Na sabatina Folha/UOL, Marina Helou erra sobre caso envolvendo funcionária de seu gabinete
A candidata da Rede à prefeitura de São Paulo, Marina Helou, foi entrevistada pela Folha de S.Paulo e pelo UOL nesta sexta-feira (23), na série de sabatinas promovidas desde o início desta semana. Helou se focou em defender a visão do partido para o que considera que deva ser prioridade na administração municipal e fez críticas a adversários. A Lupa checou algumas das frases ditas pela candidata, que foi procurada para comentar, mas não respondeu até a publicação. Veja o resultado da análise:
“O que a matéria da Folha mostrou é que assim que a gente decidiu que a pessoa ia se dedicar mais à campanha do que ao mandato, ela foi exonerada”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
Reportagem publicada na Folha em 15 de outubro, citada pela deputada, não mostra que Helou decidiu exonerar a funcionária para que ela se dedicasse à campanha. Essa informação consta somente na resposta da própria deputada.
O que a reportagem mostra é que uma funcionária do gabinete da deputada estadual Marina Helou foi destacada para responder às demandas de imprensa durante a campanha para a prefeitura de São Paulo. A ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Gabriela Clemente, foi contratada em 10 de setembro e exonerada um mês depois, em 13 de outubro.
No dia 19 de setembro, data na qual a contratação de Clemente já havia sido oficializada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, o nome da funcionária não aparecia no site de Marina Helou, cuja página “transparência” lista os membros da equipe da deputada.
Em resposta à Folha, Helou disse que os funcionários que decidiram participar da campanha foram “imediatamente exonerados”. A campanha eleitoral, contudo, teve início em 27 de setembro, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de duas semanas antes da exoneração de Gabriela.
A remuneração dos servidores referente ao mês de setembro de 2020 ainda não foi divulgada pela Alesp, mas, de acordo com a Folha, funcionários que atuam em funções semelhantes receberam entre R$ 4 mil e R$ 9 mil em agosto deste ano.
Além de Helou, a reportagem da Folha mostra que o candidato Arthur do Val (Patriota), que também é deputado estadual, usou pelo menos três assessores do gabinete na campanha eleitoral.
A Lei nº 9.504 proíbe que um servidor público atue em comitês de campanha eleitoral durante o horário do expediente.
“Bolsonaro fala que é contra a vacina. Ao mesmo tempo, assinou um decreto falando da obrigatoriedade da vacina”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não disse ser contrário às vacinas contra o novo coronavírus de modo geral. Em entrevistas e posts nas redes sociais, ele afirmou que não concorda que todas as pessoas sejam obrigadas a serem imunizadas, ainda que não queiram. Bolsonaro também disse que o governo federal só vai adquirir as vacinas que tiverem passado por todas as fases de testes e consigam a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As críticas do presidente são direcionadas especificamente à CoronaVac, imunização contra a Covid-19 desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceira com o Instituto Butantan, que tem o apoio do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político.
O governo federal firmou, em julho, um acordo de compra de lotes e transferência de tecnologia entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a empresa biofarmacêutica AstraZeneca, que desenvolve uma vacina contra a Covid-19 com a Universidade de Oxford. Em uma live em 30 de julho, o presidente elogiou esse imunizante. “Se fala muito sobre a vacina da Covid-19. Nós entramos naquele consórcio de Oxford, e pelo que tudo indica [a vacina] vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país, não. Tá ok, pessoal?”, disse. Um dos compostos básicos para a elaboração do produto, contudo, é fabricado na China.
Em fevereiro deste ano, Bolsonaro sancionou a Lei nº 13.979, que lista uma série de medidas de enfrentamento contra o novo coronavírus. Não se trata, portanto, de um decreto, como afirmou a candidata. O projeto, elaborado pelo Ministério da Saúde, foi encaminhado pelo Executivo ao Congresso Nacional e prevê, no parágrafo 3º, a adoção de algumas ações, entre elas a determinação de vacinação obrigatória. A implementação da medida, no entanto, fica a critério das autoridades.
“Meu programa é o único que tem um capítulo inteiro sobre o funcionalismo público”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
Marina Helou não é a única candidata que dedica um capítulo em seu programa de governo ao funcionalismo público. Guilherme Boulos (PSOL) também separa uma área inteira para o tema em seu plano. No capítulo 8, com o nome “Funcionalismo Público”, Boulos lista 22 propostas para o serviço público municipal. Entre elas, está a revogação da reforma da previdência municipal e aumento real para o salário dos servidores.
Outro candidato a separar ações sobre o tema em uma área específica do plano é Filipe Sabará (Novo). Ele lista um subcapítulo com o nome Reforma Administrativa e Fim das Indicações Políticas, em que sugere, por exemplo, a “revisão dos planos de carreira dos servidores” e a criação de um banco de dados com competências e áreas de interesse dos funcionários públicos.
Já Jilmar Tatto (PT) destaca um subitem com o nome “Servidores e Serviços Públicos”, com 11 propostas para o setor. Ele sugere, por exemplo, a criação de uma secretaria de Municipalização e Recuperação dos Serviços Públicos. Ainda, Márcio França (PSB) separa dois tópicos no capítulo “Economia, Microcrédito, Administração e Planejamento” para o serviço público.
Marina Helou, por sua vez, dedica o capítulo “Valorização, Requalificação e Eficiência do Serviço Público” ao tema. Ela sugere a criação de um programa baseado em “inovação e design de serviço público”, e lista nove propostas, entre elas incentivar servidores de carreira a assumir posições de chefia. Além destes, outros seis candidatos apresentam propostas para o funcionalismo público, ainda que não apresentem um capítulo específico para isso.
“(…) O autódromo [de Interlagos], (…) é um espaço que não gera valor para a cidade de São Paulo”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
O Observatório de Turismo e Eventos (OTE), núcleo de pesquisa e inteligência de mercado da São Paulo Turismo (SPturis), mostra que, em 2019, somente o evento da Fórmula 1 em Interlagos gerou um impacto positivo de cerca de R$ 361 milhões para a cidade.
Além disso, a estrutura é superavitária para a prefeitura. Com os eventos realizados em 2018 no autódromo de Interlagos, a Prefeitura de São Paulo teve como receitas R$ 9,8 milhões, que incluem cessão do uso do complexo e ressarcimento de eventos. As despesas, no mesmo ano, foram de R$ 7,6 milhões – representando um superávit de R$ 2,1 milhões. Os dados mais atualizados, até julho de 2019, mostram que, entre receitas e despesas, a Prefeitura de São Paulo lucrou em torno de R$ 2 milhões no ano passado.
“[No meu site] Eu justifico todos os meus votos [na Alesp]”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
Em seu site oficial, a deputada estadual Marina Helou mostra os votos que deu em cada projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo, incluindo a justificativa dada pela congressista para a votação. Contudo, esse painel está desatualizado desde novembro de 2019.
“Eu votei contra na votação em questão, que era sobre [participação nos resultados para] os fiscais de São Paulo”
Marina Helou (Rede), candidata a prefeita de São Paulo, na sabatina feita pela Folha de S.Paulo, em parceria com o UOL, em 23 de outubro de 2020
A candidata Marina Helou votou contra o projeto de lei complementar 04/2019, no dia 21 de maio de 2019, na Alesp. A proposta permitia o pagamento de participação nos resultados para agentes fiscais de renda. A base do governo foi favorável, mas partidos de esquerda, como o PT e o PSOL, e de direita, como o PSL e o Novo, se opuseram à medida.
O deputado estadual e hoje candidato à prefeitura Arthur do Val (Patriota) insinuou que a candidata atuou a favor do projeto porque seu pai, Roberto Helou, é agente fiscal. A votação do projeto não foi concluída.
Editado por: Chico Marés e Natália LealO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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