#Verificamos: Não há estudos que mostram maior letalidade ou imunidade a vacinas de variante do novo coronavírus
Circula pelas redes sociais uma imagem com diversas informações sobre a variante do novo coronavírus identificada em Manaus, no Amazonas. O texto afirma que o vírus é “70% fatal” e que as vacinas contra a Covid-19 que estão sendo aplicadas nos brasileiros não serão capazes de imunizar a população contra essa nova variante. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“O vírus da Covid que está em Manaus (…) é 70% fatal”
Texto em imagem que, até às 13h do dia 04 de fevereiro de 2021, tinha sido compartilhado por 100 pessoas no Facebook
Os pesquisadores da Fiocruz Amazônia ainda estão desenvolvendo uma pesquisa para averiguar a letalidade da variante do novo coronavírus que surgiu em Manaus. Contudo, até o momento, nenhum dado oficial foi divulgado. Sendo assim, qualquer informação que circula pelas redes sociais sobre esse assunto deve ser analisada com cautela.
Os primeiros casos da Covid-19 no Amazonas foram detectados em março de 2020 e, desde aquela data, o monitoramento e a caracterização genética do vírus têm sido feitos pelo Laboratório de Virologia da Fiocruz Amazônia. Conforme o vírus se espalha pela população, pode apresentar mutações e foi o que, de fato, aconteceu no Amazonas. Até o dia 13 de janeiro, o laboratório já sequenciou 250 genomas no estado, sendo que 177 foram encontrados em Manaus.
Segundo a nota técnica da Fiocruz Amazônia, no dia 30 de dezembro de 2020, os pesquisadores identificaram um possível caso de reinfecção. Eles realizaram o sequenciamento e no dia 13 de janeiro veio a confirmação de que o vírus analisado na amostra era uma nova variante, que foi denominada como P.1. O caso foi então imediatamente notificado às autoridades de saúde.
Ao analisar as amostras, os pesquisadores identificaram um aumento na frequência da variante P.1 no Amazonas. Até o dia 13 de janeiro, 91% das amostras sequenciadas no estado tinham a variante do novo coronavírus. No entanto, até o momento, não se sabe exatamente por que essa variante passou a predominar nessa região.
Em janeiro, o pesquisador Felipe Naveca, do Instituto Leônicas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), afirmou que a variante tem como uma de suas características uma mutação na região da proteína spike, estrutura do vírus responsável pela sua entrada na célula humana. Essa poderia ser uma das explicações para o grande contágio no Amazonas. Outros pesquisadores ponderam, no entanto, que o aumento dos casos poderia estar relacionado às festas de final de ano.
“E a vacina que tomamos não será imuni [a variante do novo coronavírus]”
Texto em imagem que, até às 13h do dia 04 de fevereiro de 2021, tinha sido compartilhado por 200 pessoas no Facebook
Até o momento, não é possível afirmar que as vacinas contra o novo coronavírus aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não são capazes de imunizar a população contra essa nova variante. Os institutos responsáveis pelo desenvolvimento desses imunizantes ainda estão realizando pesquisas sobre o assunto.
A assessoria de imprensa do Instituto Butantan – que produz a CoronaVac – informou que está realizando estudos em relação à variante identificada no Amazonas, ao mesmo tempo em que a Sinovac avalia variantes encontradas na Inglaterra e na África do Sul. A Fiocruz – que está produzindo a vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca – disse que encaminhou amostras da variante para a Universidade de Oxford. Até o momento, o resultado da análise não foi divulgado.
Em janeiro, dados sobre duas vacinas – Novavax e J&J – mostraram que os imunizantes têm menor eficácia contra algumas variantes do novo coronavírus, como a surgida na África do Sul e no Reino Unido. Porém isso não significa que a pessoa que recebeu a vacina esteja completamente desprotegida e capaz de ser infectada pelo vírus. Mesmo assim, as duas empresas já começaram a trabalhar na formulação de uma nova vacina para barrar a disseminação deste vírus.
Por telefone, o coordenador do Instituto Questão de Ciência e doutor em Microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Luiz Gustavo de Almeida, lembrou que algumas vacinas que usam a tecnologia do vírus inativado – como é o caso da CoronaVac, por exemplo – ensinam o sistema imunológico a reconhecer outras estruturas do coronavírus além da proteína spike, o que pode possibilitar uma resposta imunológica correta do organismo mesmo se houver mudança nessa característica.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Maurício MoraesO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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