#Verificamos: É falso que Bolsonaro criou ‘fábrica da tecnologia 5G’ no Brasil
Circula pelas redes sociais que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “‘surpreendeu o mundo mais uma vez” ao criar uma “fábrica da tecnologia 5G” no Brasil. A execução teria ocorrido em sigilo absoluto e acabado com a “polêmica” sobre a adoção de produtos com essa tecnologia feitos pela empresa chinesa Huawei. O 5G é o padrão mais avançado de transmissão de dados móveis, muito mais veloz do que as redes atualmente disponíveis no país. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“O Presidente da República, Jair Bolsonaro, SURPREENDE o mundo mais uma vez!… Primeiro foi a fábrica de vacinas construída em SIGILO ABSOLUTO… E agora, com mais uma SURPRESA FANTÁSTICA, também em sigilo, surge uma fábrica da TECNOLOGIA 5G, em solo brasileiro, frustrando e acabando com a polêmica de que o Brasil adotaria o 5G da HUAWEI Chinesa…”
Trecho de post publicado no Facebook que, até as 17h30 de 20 de abril de 2021, tinha 326 compartilhamentos
A informação analisada pela Lupa é falsa. A multinacional Ericsson não inaugurou uma “nova fábrica de 5G” no Brasil em março deste ano. O que foi inaugurado foi uma linha de produção de equipamentos de infraestrutura para a tecnologia 5G, chamados de rádio, dentro da sua unidade em São José dos Campos (SP). Não houve “sigilo” na obra: ela foi anunciada publicamente em 2019.
Além disso, a execução não contou com recursos do governo federal. Logo, não houve nenhuma influência do governo Bolsonaro para que o projeto saísse do papel. “Trata-se de uma iniciativa da Ericsson, sem qualquer financiamento público”, afirmou a assessoria de imprensa da companhia, em nota enviada por e-mail.
A Ericsson anunciou em 2019 que investiria R$ 1 bilhão em pesquisa, desenvolvimento e produção de 5G no Brasil entre 2020 e 2025. As redes desse tipo começaram a ser instaladas em vários países naquele ano. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a ideia é abastecer todos os mercados da América Latina com esses equipamentos. A multinacional prevê exportar 1 milhão de rádios 5G até 2025. O Brasil também deve vir a se tornar um dos consumidores desses produtos quando a tecnologia começar a ser adotada no país, o que deve ocorrer em 2022.
A implementação do 5G no país está atrasada e depende ainda da realização de um leilão das faixas de frequência disponíveis entre as operadoras de telefonia, que vão fornecer o serviço para a população. O governo federal promete fazer isso até junho deste ano. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o edital com as regras da disputa em fevereiro. A execução do processo, no entanto, ainda depende de uma avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre os itens incluídos no leilão está a criação de uma rede privativa de comunicação para o governo federal, que deve seguir critérios específicos. As restrições impedem a chinesa Huawei, uma das principais fabricantes de equipamentos 5G do mundo, de executar esse trabalho. Ao contrário do que diz o post, a empresa, no entanto, poderá fornecer equipamentos para a montagem da infraestrutura das redes comerciais oferecidas pelas operadoras de telefonia no país. A Huawei é alvo de pressão dos Estados Unidos, que tentam fazer outros países não adotarem seus produtos, alegando falta de segurança. A acusação, no entanto, nunca foi comprovada.
O post cita, ainda, uma suposta “fábrica de vacinas [contra Covid-19] construída com sigilo absoluto”. Essa afirmação é completamente fantasiosa, e foi verificada pela Lupa em março.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Chico MarésO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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