#Verificamos: É falso que houve megaprotesto na Alemanha contra alta dos combustíveis
Circula pelas redes sociais uma foto que mostra dezenas de carros parados em uma rodovia. De acordo com a legenda, a imagem retrataria uma suposta manifestação na Alemanha em que a população teria deixado 1 milhão de carros nas ruas para obstruir a circulação e protestar contra o preço dos combustíveis. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Na Alemanha o governo subiu preço de combustível. Em apenas uma hora de tempo as pessoas abandoram seus carros nas ruas e avenidas e foram a pé para casa. Mais de um milhão de carros abandonados. Tiveram que baixar o preço. Quando o povo é inteligente os corruptos não conseguem concretizar seus objetivos”
Legenda de imagem publicada no Facebook que, até 13h do dia 15 de setembro de 2021, tinha mais de 2,8 mil compartilhamentos
A informação analisada pela Lupa é falsa. A foto supostamente tirada na Alemanha é, na verdade, de um engarrafamento na China durante um feriado nacional. Não há relação com manifestações contra o aumento do preço dos combustíveis. Também não houve nenhum protesto recente em que 1 milhão de carros foram deixados nas ruas da Alemanha pela diminuição do valor dos combustíveis, apesar da sua tendência de alta no país.
A versão original da foto do post está disponível no Shutterstock, banco de imagens sediado nos Estados Unidos. A plataforma não informa seu autor, mas a foto foi tirada no dia 30 de setembro de 2012 em Shenzhen, na província chinesa de Guangdong. No registro, é possível observar dezenas de carros parados em uma grande rodovia. Com a circulação completamente interrompida, muitas pessoas aguardaram do lado de fora de seus veículos.
A imagem faz parte de um álbum de oito fotos intitulado “Caos no trânsito durante o Festival de Meio-Outono e as celebrações do Dia Nacional da China”. As duas datas formam um grande feriado nacional de oito dias que gera a maior movimentação de turistas do ano no país.
No Shutterstock, a foto é acompanhada de uma legenda segundo a qual, naquele ano, a expectativa era de que 740 milhões de pessoas viajassem pelo país durante a semana de celebrações. Esse seria o motivo para o trânsito caótico que gerou grandes congestionamentos nas rodovias chinesas. Em 2012, o site do jornal britânico The Telegraph repercutiu o assunto, utilizando a mesma foto. No ano passado, mesmo durante a pandemia da Covid-19, a estimativa era de que 637 milhões de chineses tenham viajado na data.
A foto da China já circulava ao menos desde 2017 com a legenda falsa, inclusive em outros países, como mostram checagens de USA Today e India Today. Na última semana, a postagem voltou a viralizar no Brasil.
Alemanha
De acordo com a agência AFP, a última manifestação na Alemanha com alguma similaridade à citada nas redes sociais ocorreu em setembro de 2000, quando 7 mil caminhões, tratores e táxis bloquearam as rotas de acesso ao centro da capital, Berlim. O movimento pedia a retirada de um imposto sobre os combustíveis. A Associated Press falou em um número menor, de 2 mil caminhões. De qualquer forma, além de ter ocorrido há mais de duas décadas, o ato reuniu um número de veículos muito inferior a 1 milhão.
Nos últimos meses, de fato, os alemães têm sentido uma alta no preço dos combustíveis. Como no Brasil, os reajustes têm relação com o preço internacional do petróleo, que está em tendência de valorização com a retomada da economia mundial pós-pandemia. No entanto, por lá, existem ainda outras questões, como o início de uma taxação extra que visa a compensar os impactos dos combustíveis fósseis relacionados às mudanças climáticas.
Essa informação também foi verificada por G1, Aos Fatos e Estadão Verifica.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Maurício MoraesO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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