#Verificamos: É golpe petição para impeachment de Alexandre de Moraes que circula no WhatsApp
Circula no WhatsApp uma suposta petição pública que pede o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A publicação leva o usuário a clicar em um link onde deve decidir se concorda ou não que Moraes praticou abuso de poder. Para validar o voto, a pessoa é obrigada a compartilhar a mensagem com outros cinco amigos. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
“Chega de nos curvarmos diante das atrocidades praticadas por ele, é hora de acabar com a impunidade por seus atos ilegais. Precisamos demonstrar a posição e força do nosso povo. Vamos lutar pelo IMPEACHMENT de Alexandre de Moraes e mostrar que supremo é o POVO! Assine e compartilhe muito essa petição! Precisamos do seu apoio!”
Texto que circula no Whatsapp
A informação analisada pela Lupa é falsa. O endereço usado para coletar apoiadores para um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes não leva a uma petição real, mas a um site que obriga o usuário a compartilhar links pelo WhatsApp. Depois disso, a pessoa é direcionada para páginas maliciosas, que tentam roubar dados ou forçá-la a ver anúncios. Trata-se de um golpe de phishing, termo em inglês para uma prática destinada a coletar informações pessoais das vítimas.
Ao entrar no endereço compartilhado na mensagem, o usuário é levado a um site que simula uma publicação no Facebook, supostamente com 2,5 milhões de likes. Além disso, a foto principal do post usa o slogan “petições da comunidade” e as cores azul e branco, que originalmente pertencem à identidade visual do site Avaaz, já muito conhecido como plataforma de petições. O design, no entanto, é malfeito e usa o logotipo “PeticaoPublica”, sem acentuação.
Outro indício de fraude é que, apesar de a petição contar com supostas 9,5 milhões de assinaturas – número que não muda com o tempo –, o site não pede nome ou contato do usuário, como seria comum para assinar esse tipo de documento. Há apenas uma pergunta: se a pessoa acredita que Alexandre de Moraes praticou abuso de poder.
Se o usuário clicar em “sim”, é levado para uma segunda etapa da suposta petição, em que deve decidir se quer assinar o pedido de impeachment. Para validar a participação, a vítima é obrigada a compartilhar o link com cinco amigos no WhatsApp, o que não é exigido em nenhuma plataforma real. Conforme a Lupa já mostrou anteriormente, essa prática permite o roubo de informações, incluindo dados bancários. Mais uma prova da fraude é que, em algumas tentativas, independentemente de votar “sim” ou “não”, o usuário é levado a sites aleatórios, sem qualquer relação com a petição, onde constam links maliciosos que atingem o mesmo fim de sequestro de dados pessoais.
Mais um ponto importante que aponta a existência de um golpe é que a página falsa plagia não somente a identidade visual do site Avaaz, mas também o nome de outro endereço de petições: o Petição Pública, do link peticaopublica.com.br. A versão falsa tem um final diferente, o “.me”, em vez do “.com.br”. A Lupa já verificou outro pedido de impeachment, dessa vez do presidente Jair Bolsonaro, que usou o mesmo site fraudulento como forma de obter informações pessoais.
Procurados, os responsáveis pelo Petição Pública original apontaram que o domínio “.me” é falso. “Este tipo de site copia o nosso nome de domínio ‘peticaopublica’ e coloca um design parecido com o Avaaz de forma a iludir os usuários e roubar os seus dados. Fazem isto há vários anos, utilizando temas quentes e atuais para enganar, roubar dados, gerar tráfego e receberem dinheiro de publicidade duvidosas”, diz a nota, enviada por e-mail.
Por meio de denúncias, o site original conseguiu encerrar o domínio “peticaopublica.org”, que também era empregado de forma fraudulenta. “Mesmo quando temos sucesso e conseguimos fechar um site (meses ou anos depois das denúncias) os criminosos abrem outros sites novos como nomes semelhantes e continuam a praticar os seus golpes”, conclui o texto.
Há uma diferença entre acessar o link do post falso por um computador ou por um navegador do celular. Como a fraude exige o compartilhamento de links por aplicativos de mensagens, o endereço compartilhado no WhatsApp não funciona quando acessado pelo PC. Em vez de abrir uma petição, ele sugere a instalação de um aplicativo chamado WhatsApp Plus. Na verdade, o WhatsApp não precisa de extensão para funcionar no computador, bastando apenas acessar o link oficial da plataforma para isso. A versão “Plus” é considerada pirata e usa códigos-fonte diferentes dos oficiais.
Diferentemente da versão aberta no celular, o endereço acessado pelo computador apresenta de fato uma petição pelo impeachment de Alexandre de Moraes, com argumentação e espaço para inclusão de nome, e-mail e motivo da assinatura. A página, contudo, também é falsa e tem o mesmo objetivo de facilitar o crime. A URL difere da que circula no WhatsApp e o número de supostas assinaturas é bem diferente da versão móvel: 1,2 milhão de pessoas já teria concordado com a petição.
Esta verificação foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco pelo número +55 21 99193-3751.
Editado por: Maurício MoraesO conteúdo produzido pela Lupa é de inteira responsabilidade da agência e não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem autorização prévia.
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