#Verificamos: Vídeo de protesto de policiais franceses é antigo e não se relaciona à vacinação no país
Circula pelo WhatsApp um vídeo que mostra uma fila de policiais em frente ao Arco do Triunfo em Paris, na França. Na cena, os agentes lançam pares de algemas no chão em sequência. É possível ouvir gritos de “Démission Castaner!”, que em tradução livre seria “Demissão de Castaner!”. A legenda que acompanha a gravação afirma que eles estariam anunciando sua renúncia e se juntando ao povo para recusar a aplicação da vacina contra a Covid-19. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
“A polícia francesa lança as algemas e anuncia sua renúncia e se junta ao povo na recusa de tomar a vacina contra a Corona e diz que existem partidos globais corruptos que querem subjugar e controlar os povos”
Legenda de vídeo que circula pelo WhatsApp
A informação analisada pela Lupa é falsa. O vídeo em que vários policiais franceses aparecem descantando algemas é antigo e não tem qualquer relação com a vacinação no país. De acordo com reportagens de La Nouvelle République e L’Humanité, publicadas em junho de 2020, os sindicatos da polícia francesa se manifestaram contra algumas medidas anunciadas pelo então ministro do Interior da França, Christophe Castaner, que prometeu “tolerância zero” ao racismo na polícia e anunciou o abandono da técnica conhecida como “estrangulamento”.
Um vídeo semelhante ao usado na peça de desinformação está disponível no YouTube desde junho de 2020. Nele é possível observar os agentes lançando os pares de algemas no chão e várias pessoas filmando o acontecimento. Uma gravação publicada no perfil da ABC News no Facebook também mostra a mesma cena de outro ângulo.
O assassinato do norte-americano George Floyd, ocorrido em 25 de maio de 2020, após ter o pescoço prensado pelo joelho de um policial em Minneapolis, nos Estados Unidos, despertou diversas manisfestações pelo mundo contra o racismo usando a expressão “Black Lives Matter” (“Vidas negras importam”, em tradução livre).
No início de junho daquele ano, houve diversas manifestações contra o racismo e a violência policial na França. Inspirada pelas marchas antirracismo dos Estados Unidos, a população homenageou Adama Traoré, um francês negro de 24 anos que morreu em uma operação policial em julho de 2016. Segundo dados da polícia parisiense, cerca de 15 mil pessoas reuniram-se na Praça da República. Os protestos populares antirracismo levaram o então ministro do Interior, Christophe Castaner, a proibir a polêmica prática de “estrangulamento” como técnica de detenção policial no país.
Em resposta à decisão de Castaner, os sindicatos da polícia francesa organizaram diversas manifestações em cidades pelo país contra a proibição do ministro. Segundo reportagem da BBC, os agentes consideram a técnica muito importante para deter suspeitos e não teriam um método substituto para essa prática. Após pressão dos sindicatos, o governo francês recuou e suspendeu a proibição do método de estrangulamento em abordagens policiais.
Depois de uma série de protestos contra o passaporte sanitário na França, com número cada vez mais reduzido de participantes, o governo decidiu prorrogar a obrigatoriedade da medida até julho de 2022. O documento comprova a vacinação contra a Covid-19 para entrar em restaurantes e viajar pelo país. Os cidadãos também podem apresentar um teste negativo de Covid-19. Essa mesma regra também obriga os profissionais de saúde a serem vacinados. O país hoje conta com mais de 70% da população completamente vacinada, de acordo com dados do projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford.
Conteúdo semelhante também foi checado por AFP e Fato ou Fake.
Esta verificação foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco pelo número +55 21 99193-3751.
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