No final de 2019, ao menos 4,3 milhões de estudantes não tinham acesso à internet no Brasil, segundo levantamento feito pelo IBGE. O dado considera apenas alunos com 10 anos de idade ou mais, grupo que abarca 35,9 milhões de pessoas. A grande maioria desses estudantes – 4,1 milhões – estavam matriculados em escolas da rede pública. Isso significa que, quando a pandemia aterrissou no Brasil, forçando a suspensão das aulas presenciais a partir de março de 2020, uma parcela expressiva dos jovens brasileiros não tinha internet em casa e, portanto, não podia acompanhar aulas à distância ou outras atividades virtuais adotadas pelas secretarias de educação. Além disso, aproximadamente 36% dos alunos da rede pública não tinham celular quando a pandemia começou.
Enquanto isso, o Ministério da Educação cortou verbas destinadas a ampliar o acesso à internet na educação básica. O programa Educação Conectada, criado para ajudar as escolas a obter internet, perdeu 45% de seu orçamento entre 2019 e 2020. No final do ano passado, o Congresso aprovou um projeto de lei obrigando o governo a comprar pacotes de internet para os estudantes, mas o presidente Bolsonaro vetou. Pouco depois, o veto foi derrubado pelo Congresso, mas o governo, em seguida, entrou com uma ação no STF para tentar barrar o programa. Não deu certo. Por fim, Bolsonaro editou uma Medida Provisória para adiar o financiamento do projeto – cujo prazo, agora, caberá ao Executivo definir.
Fonte: Pnad Contínua (IBGE)