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    O avô Norberto, o pai Emílio e o filho Marcelo, diante do retrato do patriarca, também Emílio. Envolvida em escândalos há décadas, a Odebrecht sempre saiu incólume. Com a Lava Jato, deve produzir o maior inventário da corrupção no Brasil FOTO: ACERVO ODEBRECHT

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A organização

Como Marcelo Odebrecht chegou ao comando da maior empreiteira do país – e acabou na prisão

Malu Gaspar | Edição 121, Outubro 2016

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Marcelo Bahia Odebrecht tinha uma expressão impassível quando se sentou diante de três delegados da Polícia Federal em Curitiba, em maio passado. Aquela seria a sua primeira conversa “amigável” com os responsáveis por seu caso desde que fora preso, quase um ano antes. Os agentes federais do outro lado da mesa sabiam que o mais importante empreiteiro do país negociava afinal a delação premiada, depois de passar meses dentro de uma cela que media 4 metros de largura por outros 4 de comprimento. Sabiam também – item importante do manual de códigos não escritos da Operação Lava Jato – que, mesmo quando os advogados já avisaram aos investigadores que seu cliente decidiu falar, era preciso ouvir a notícia do próprio candidato a delator.

Sentado à mesa de reuniões com uma advogada a seu lado, Marcelo usava uma camiseta azul surrada, calça de moletom cinza e tênis – espécie de uniforme que adotou na prisão. Apesar das roupas gastas sobre o corpo magro, mantinha o porte aprumado, altivo. Quieto, esperou pelas perguntas. Afinal, ele iria realmente falar o que sabia? Iria admitir ter cometido os crimes de que era acusado? Sim, Marcelo confirmou. “Mas vocês têm de ver o que é caixa dois e o que é corrupção”, disse, quase como quem dá instruções a subordinados. Os federais reagiram. “Não é você quem vai nos dizer de qual crime será acusado.”

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