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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL

esquina

Ai, ai, minha filha

A mulher que faz as sobrancelhas de Dilma ouve o que não quer

Carol Pires | Edição 69, Junho 2012

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Com gestos rápidos, Rose Paz pega um fio de algodão branco, amarra uma ponta na outra, enrola parte dele em cada mão e faz um arranjo complexo em forma de xis. Aproxima-se do rosto da mulher deitada na cadeira reclinável e, realizando um movimento de pinça com uma das mãos, faz com que a linha se desloque bem rente à pele, arrancando pela raiz os pelos faciais com a simples passagem do fio esticado. Rose adota a depilação egípcia, feita com linha, para delinear sobrancelhas. Para a arte-final, porém, ela não dispensa a pinça. Um a um, arranca os fios que sobraram, junto com um pequeno gemido e um eventual palavrão do cliente. Um movimento mal-executado pode aguçar a dor inevitável, e não é raro que brotem lágrimas involuntárias.

Muitos ministros e governadores gostariam de ser recebidos no Palácio do Planalto com a mesma frequência de Rose. Uma vez por mês, ela delineia as sobrancelhas de sua cliente mais poderosa – Dilma Rousseff. A presidente é atendida por Rose pela manhã, antes de começar a despachar. As sessões duram cerca de meia hora e são pontuadas por eventuais impropérios que Dilma deixa escapar a cada fio arrancado de forma mais brusca, seguidos sempre do vocativo “minha filha”.

Dilma tem a sobrancelha naturalmente arqueada e desenhada num estilo sóbrio, como convém a uma chefe de Estado. Rose costuma tirar só alguns fios do alto para lhe dar um toque de leveza. “Mas é pouca coisa”, explica.

 

Rose cursou estética e cosmetologia e fez especialização no Chile para se tornar designer de sobrancelha. O desenho ideal – ensinou – deve começar entre o fim da testa e o início do contorno do nariz. “Se for muito arqueada, pode dar um ar sexy ou bravo; aí tem que tirar os pelos do ponto alto para aliviar o ar severo, quando é o caso”, disse. Se o olhar for caído, ela procura dar à sobrancelha um movimento que o levante, delineando-a a partir de seu ponto mais alto. “Onde tem falha, preencho com tinta especial.”

Antes de fazer sobrancelhas, Rose Paz ganhava a vida como maquiadora, ofício que aprendeu num curso do Senac. Começou a trabalhar na televisão no programa do bispo Edir Macedo em São Paulo. Como a atração começava às seis da manhã, Rose chegava às quatro para preparar os convidados. Trabalhou também em novelas globais e no programa de Ana Maria Braga, ainda na Record, antes da existência do Louro José. Emendava o orçamento produzindo bruxas e vampiros de Halloween para o Playcenter. Chegou até a fazer um teste como maquiadora de cadáveres, mas desistiu da profissão depois de dois plantões num hospital. “O pior era passar a noite sozinha com o cliente”, disse.

Rose cuidou do rosto de outros políticos antes que lhe fossem confiadas as sobrancelhas presidenciais. Na campanha eleitoral de 1994, era ela quem preparava Fernando Henrique Cardoso para a gravação dos programas de televisão. Passava pó de arroz para tirar o brilho do rosto e cuidava de ocultar as olheiras do tucano.

 

No fim de 2007, uma colega a indicou a Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil. As duas se entenderam, Rose passou a atender a nova cliente em domicílio. Acompanhou de perto o período em que a pré-candidata superou o câncer linfático e se tornou sua maquiadora oficial na campanha eleitoral de 2010.

Contratado para suavizar a imagem de Dilma, o cabeleireiro Celso Kamura propôs um corte à Carolina Herrera e redefiniu seu visual. A Rose, cabia a rotina de manutenção e maquiagem.

Ela viajou com Dilma pelo país e chegou a acompanhá-la a Nova York durante a campanha. Era comum que fossem dormir já de madrugada para despertar às seis da manhã. Por menor que fosse o tempo de sono, a candidata tinha que estar apresentável, mas com o ritmo frenético nem sempre o trabalho saía a contento. “Uma vez terminei de maquiá-la e ela me disse: ‘Estou horrorosa, minha filha.’” Havia ocasiões em que Dilma se exaltava. “Tinha dia que eu chegava em casa arrasada e dizia para a minha irmã: ‘Hoje ela xingou até meus antepassados.’”

 

A presidente costuma se retratar pelos arroubos, ainda que de maneira peculiar, por vias tortas. “Ela não pede desculpa, mas vira e fala: ‘Você tem uma bala na sua bolsa, minha filha?’ Aí sei que ela está pedindo desculpa.” Num dia em que Dilma havia perdido a paciência, a reconciliação veio na forma de uma carona no fim da manhã. “Ela não deixou nenhum ministro voltar no carro e gritou: ‘A Rose é que vem comigo. Vem, filha.’”

Rose diz não se intimidar com os acessos presidenciais. Tempos mais difíceis viveu quando foi maquiadora de Roberta Miranda e passou cinco anos em turnê com a trupe da cantora. “Tinha dia que você entrava no quarto e ela só faltava atirar as coisas em cima”, contou. “Foi minha escola de paciência. Perto dela, Dilma Vana Rousseff é muito tranquila.”

Rose Paz tem 42 anos e as sobrancelhas discretas, bem a seu estilo. Magra, trabalha de calça jeans, blazer preto e sapato Oxford. Tem um estúdio na Asa Norte, em Brasília, onde atende com a irmã, Rosana, que treinou para fazer depilação de rosto, design de sobrancelha e maquiagem, como ela. O estúdio tem duas camas brancas reclináveis, algumas revistas e nenhuma foto das atrizes, políticos e jornalistas que ela já atendeu.

Entre um grito e outro, uma mulher certa vez perguntou se Rose havia trabalhado na ditadura. “Porque isso aqui é uma tortura”, completou a piada. O estúdio vive cheio: são cerca de 100 clientes por semana.

Rose cobra 20 reais para tirar o buço com a técnica da linha. Para a modelagem de sobrancelha, o preço é de 39 reais – quase o dobro do que se cobra nos salões de Brasília. A cliente mais célebre paga com cheque e Rose deixa a critério de Dilma decidir quanto vai pagar. “Ela nunca preenche o cheque com o valor cheio e me diz: porque rica eu não sou, minha filha.”

Carol Pires
Carol Pires

É jornalista, roteirista, colaboradora do New York Times e colunista da Época online. Foi repórter da piauí de 2012 a 2016

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