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    Jack Henry Abbott, de bigode, toma chá em Nova York com Norman Mailer e o editor Erroll McDonald. Mailer ficou impressionado quando começou a trocar cartas com Abbott; achou que ele escrevia "de forma intensa, sem firulas", com uma "voz única" FOTO: JILL KREMENTZ

anais da literatura e do crime

Amizade bandida

A relação entre Norman Mailer e Jack Abbott, o presidiário-escritor

Alejandro Chacoff | Edição 93, Junho 2014

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Em O Dorminhoco, ficção científica dirigida por Woody Allen, há um momento em que o protagonista, interpretado pelo próprio diretor, diz a um cientista: “Norman Mailer doou seu ego para a Escola de Medicina de Harvard.” Se houvesse um critério oficial para definir um passaporte nova-iorquino, acho que seria esse: ser alvo de uma piada de Woody Allen. Em 1973, quando o filme foi lançado, Mailer já era Mailer. Mulherengo, briguento, falastrão, bebum – com um time de adoradores e outro, igualmente forte, de inimigos. Depois do sucesso de seu primeiro romance, Os Nus e os Mortos, em 1948, o escritor havia publicado livros, ensaios, reportagens, biografias, filmes, entrevistas. Com Joan Didion, Tom Wolfe e Truman Capote, era uma das principais figuras do novo jornalismo americano, movimento influente que acolhia e incentivava o uso da subjetividade e técnicas de narrativa ficcional em textos jornalísticos. Em 1969, Mailer havia concorrido à prefeitura de Nova York. Sua campanha tinha como plataforma a secessão da cidade, que constituiria o 51º estado da União. Perdeu feio, mas até alguns de seus detratores passaram a admirá-lo.

Mailer gostava de cartas. Quando conversei com seu biógrafo oficial e amigo de toda a vida, J. Michael Lennon, em março passado, ele me disse que havia em torno de 45 mil cartas no acervo do escritor. Lennon está selecionando a correspondência para um livro a ser lançado pela editora Random House ainda este ano. Das cartas que li, minha preferida é um bilhete que enviou a seu ídolo de juventude, Ernest Hemingway, em junho de 1955.

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