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Amor de várzea

    CRÉDITO: SAMUEL BONO_2025

ficção

Amor de várzea

Tu foi feito pra correr, então corre, porra!

José Falero | Edição 229, Outubro 2025

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Tu tá ligado no Pelé, por exemplo. É ou não é? Isso que tu nem é daquele tempo. Me nasce mili ano depois do cara pendurar a chuteira, e mesmo assim tá ligado no cara. Não só tá ligado nele como tá ligado nos lance tudo dele. É ou não é? Chapéu no sueco e bola pro fundo da rede, sem deixar a nega cair, aquela coisa toda. Isso foi o quê? Cinquenta e oito? Teu pai devia de tá no saco do pai dele ainda. E aquela cabeçada, que o goleiro buscou, em setenta? Aquele inglês nem tinha que ter ido pro vestiário, depois do jogo; tinha era que ter saído do campo e ido direto pro Vaticano, pra ser canonizado. Nessa mesma Copa teve o drible de corpo no goleiro uruguaio. Tá ligado? Claro que tá ligado! Aquele goleiro é outro que também nem tinha que ter ido pro vestiário depois do jogo; tinha era que ter saído do campo e ido direto pra um orfanato, porque ficou sem pai nem mãe, coitado.

Tá, daí tu vai me dizer o quê? Que o Pelé é o Pelé. Mas acontece que com o Zico é a mesma coisa. Garrincha, idem. E nem precisa ir tão longe: por acaso tu não tá ligado no tal de Romário? Não tá ligado naquele elástico seguido de golaço, no Rio-São Paulo? Diz que o Amaral foi na padaria e até hoje não voltou com os pão. Quer exemplo mais recente? Tem o Robinho pedalando que nem batedeira de bolo, pelo Santos. Tem o Nazário com cem quilo fazendo o que queria no Brasileirão, pelo Corinthians. Tem aquele encontro épico de duas geração: de um lado, ninguém mais ninguém menos do que o Ronaldinho Gaúcho, já consagrado, de volta ao Brasil, caminhando pro fim da carreira com a camisa do Mengão; do outro lado, ainda engatinhando no futebol profissional com a camisa do Peixe, um menino franzino chamado Neymar; e o que esses dois fizero na Vila Belmiro, nesse dia, é digno de ser contado nos livro de história, logo depois do Grito do Ipiranga. Aliás, falar em grito, teve grito importante nesse jogo também, tá ligado? Quando o Ronaldinho Gaúcho foi cobrar a falta que ia deixar o jogo 4 a 4, o Muricy, técnico do Santos na época, gritou feito louco na beira do gramado:

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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