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    Em 1960, aos 17 anos, a carioca Leny Andrade se proclamou “um músico que canta”. Não disse “musicista”, como seria de se esperar para uma mulher daquele tempo. Falou “músico”, no masculino. Ela desejava se colocar em pé de igualdade tanto com os instrumentistas quanto com os homens FOTO: NANA MORAES_2019

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Dui bop du bá

Uma visita a Leny Andrade, a dama do improviso vocal

Armando Antenore | Edição 150, Março 2019

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De peito estufado, barbudo e com os cabelos na altura do ombro, Carmo Dalla Vecchia trajava roupa de gala quando entrou em cena. Eram cinco e pouco da tarde, e a Globo reprisava Cordel Encantado, novela de época que exibiu pela primeira vez entre abril e setembro de 2011. Na trama, o ator gaúcho interpreta o rei Augusto Frederico III. Sentada diante da tevê, Leny Andrade interrompeu nossa conversa mal o avistou. Permaneceu uns segundos em silêncio, como que hipnotizada pelo monarca de olhos verdes. “Que beleza de rapaz, meu Deus!”, comentou enfim. “Um pedaço de mau caminho!”

Não se pode dizer que Dalla Vecchia seja propriamente um rapaz. Embora ainda carregue com brio o rótulo de galã, já se aproxima dos 50. Nasceu quase três décadas depois de Leny, que iria completar 76 anos dentro de uma semana, em 26 de janeiro. “O Tom é do dia 25, sabia? Dois aquarianos… Eu e o Tom… Mais cariocas do que nós, impossível! Só que o Tom chegou antes, em mil novecentos e… Não me recordo agora, mas garanto que temos uma boa diferença de idade.” Natural da Tijuca, bairro da Zona Norte, o compositor Tom Jobim morreu em 1994, perto dos 68 anos. Mesmo assim, Leny prefere conjugar os verbos no presente quando fala dele. “Eu também sou da Zona Norte – do Méier, conhece? Como o João Nogueira e o… Qual o nome daquele outro sambista do Méier? Famoso demais! Não vou lembrar… Me desculpe.”

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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