CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2025
Frutos sonoros
A arte de converter cabaças em música
Felipe Fernandes | Edição 225, Junho 2025
De pé logo que nasce o Sol, Joseildo Ivanildo da Silva segue para o roçado nos fundos de seu sítio de 2 hectares no bairro Riacho do Navio, em Escada, na Zona da Mata de Pernambuco. Trabalha no campo até as oito da manhã, arando a terra e combatendo as pragas que atacam a plantação de cabaça – um fruto não comestível da família da melancia e do melão. Às seis da tarde, ele retorna ao terreno para intervir na polinização da planta. “É o único momento do dia que a flor da trepadeira se abre. A gente transfere o pólen da flor macho para a fêmea manualmente. As abelhas e as mariposas não conseguem polinizar todas”, explica.
É a rotina puxada de um pequeno produtor rural. Mas Silva não faz só isso: ele é percussionista, educador cultural e luthier – fabricante de instrumentos musicais. Conhecido na vizinhança como Jó Percussivo ou Mestre Jó, Silva tem 45 anos e desde os 30 fabrica profissionalmente instrumentos de percussão. Também domina a delicada técnica da semeadura e da polinização de uma de suas matérias-primas, a cabaça. O fruto vem da cuieira, planta rasteira conhecida em outras regiões como coité ou cuietê.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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