minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
piauí jogos

    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2025

esquina

Letras fluviais

A arte dos pintores de barcos da Amazônia

Leandra Souza | Edição 224, Maio 2025

A+ A- A

Odir Abreu tinha 10 anos quando começou a pintar letreiros nas embarcações que navegam pelos rios e igarapés da Amazônia. Seu filho Alessandro iniciou-se no ofício um pouco mais tarde, aos 14. “Ele foi vendo meus trabalhos e se dedicando cada vez mais”, conta Odir, com orgulho. Pai e filho, hoje com 65 e 40 anos, são abridores de letras. Assim são chamados os pintores que traçam o nome dos barcos, empregando uma tipologia exclusiva da região amazônica: letras maiúsculas grandes e coloridas, com serifas (os traços que arrematam as hastes das letras) muito ornamentadas, e quase sempre desenhadas para dar a ilusão de volume, como se o letreiro fosse um alto-relevo no casco do barco.

A maioria dos abridores de letras hoje são homens ribeirinhos de meia-idade, que aprenderam as técnicas em casa, como aconteceu com Odir e Alessandro Abreu, moradores de Soure, município da Ilha do Marajó, no Pará. Alguns deles já aprenderam as técnicas de pintura na escola. Alessandro explica que a remuneração do trabalho na região marajoara é calculada por empreita. Por exemplo, o comprador apresenta o serviço, e os abridores estimam o valor. Recentemente, ele ficou responsável por fazer uma placa para a prefeitura de uma cidade próxima, Santa Cruz do Arari. O serviço saiu por 5 mil reais.

Já é assinante? Clique aqui Só para assinantes piauí

Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

ASSINE