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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2025

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Maratona da morte

Um atleta coleciona medalhas e velórios

Adriano Alves | Edição 221, Fevereiro 2025

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Correr pelas ruas de Petrolina, em Pernambuco, e da vizinha Juazeiro, na Bahia, é algo que faz parte da vida cotidiana de Antônio dos Santos, de 60 anos. Como mototaxista, ele atravessa diariamente as duas cidades entre 7 e 18 horas. Como maratonista, costuma treinar quatro vezes por semana, sempre às 4h30 e, às vezes, também às 19 horas, seguindo um trajeto de 10 a 15 km, em média, por dia. Além disso, Santos gosta de vasculhar as ruas de Petrolina e Juazeiro atrás de um velório. As antigas carpideiras do sertão eram contratadas para chorar nos enterros. O maratonista, ao contrário, corre por vontade própria até o lugar onde a morte acabou de passar.

Para lembrar as despedidas de que já participou, ele as registra em pequenas brochuras de capa dura. Numera os velórios pela ordem em que os visitou e anota a data, o nome do morto, o local e o horário da visita – tudo ao lado do desenho de uma cruz, inspirada nos avisos de falecimento dos jornais impressos.

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