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    Foto revelada em 2009, dez anos depois do massacre na Praça da Paz Celestial, registra à esquerda, ao fundo, o jovem que se postou diante dos tanques; seu paradeiro segue desconhecido FOTO_TERRIL JONES_05/06/1989_AP PHOTO_GLOW IMAGES

história pessoal

Memórias da China

Uma brasileira conta como viveu, aos 14 anos, os protestos da Praça da Paz Celestial, em 1989

Adriana Erthal Abdenur | Edição 155, Agosto 2019

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Passei a adolescência na China. Minha família chegou a Pequim no início de 1989, no meio do inverno. Lao Li, motorista da embaixada, conduziu-nos em silêncio do aeroporto até o Centro da cidade. A caminho do novo lar, víamos pela janela um mundo cinzento e pré-fabricado. Os prédios eram todos idênticos, de cimento, enfileirados como dominós. Eucaliptos haviam sido plantados em linha reta ao longo da estrada. Até mesmo a estrada tinha sido montada em blocos. Sob os pneus, as frestas no asfalto serviam de marca-passo: tuk, tuk, tuk.

Cruzamos com pessoas de bicicleta, vestidas de preto e cinza, com os rostos cobertos contra o frio cortante. À medida que nos aproximamos do Centro da cidade, as ciclovias foram ficando mais cheias. As ruas, no entanto, eram largas e vazias: quase não havia automóveis. Também não havia propaganda comercial. A cidade tinha a marca de uma estética comunista: sem outdoors, sem neon.

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