Milton Ribeiro estava abatido quando entrou no auditório. Fazia uma hora que se encerrara o primeiro dia de provas do Enem, o teste que avalia o nível de conhecimento de milhões de estudantes do ensino médio. Como é praxe para os ministros da Educação, ele estava no auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para dar uma coletiva à imprensa sobre os resultados do exame, que fora aplicado naquele domingo, 17 de janeiro deste ano. Ao seu lado, estava o presidente do instituto, Alexandre Lopes. Ribeiro não tinha boas notícias. Dos 5,5 milhões de inscritos, mais da metade (51,5%) não compareceu ao exame, a maior abstenção da história do Enem. Para piorar, houve casos de alunos impedidos de fazer a prova porque se depararam com salas abarrotadas. A má repercussão na imprensa só não monopolizou o noticiário porque, desde cedo, o assunto do dia era o começo da vacinação contra a Covid-19, em São Paulo.
Diante dos jornalistas, o ministro tentou apresentar um cenário positivo. Reconheceu que houve “dificuldades e ruídos”, mas atribuiu tudo a “um trabalho de mídia contrário ao Enem”. De acordo com sua interpretação, a imprensa, ao questionar a realização da prova em meio à escalada da pandemia, teria desencorajado o comparecimento dos alunos. Ribeiro elogiou o trabalho do Inep e disse que valeu a pena o esforço para evitar um novo adiamento do exame. “A esperança que se adia adoece o coração”, concluiu, citando a Bíblia. Apesar de tudo, era impossível esconder que o Enem fora o seu primeiro fracasso público no MEC, cujo comando assumira havia seis meses.
Copie e cole este URL em seu site WordPress para incorporar
Copie e cole este código no seu site para incorporar