Hackeando instituições: atuando à margem da regulação, o partido digital contorna proibições ao discurso político, avança sobre o tempo de campanha e mantém seu dinheiro nas sombras CRÉDITO: BETO NEJME_2025
O bolsonarismo organizado
Como a extrema direita brasileira criou um partido digital
Leonardo Martins Barbosa | Edição 229, Outubro 2025
No dia 7 de setembro de 2024, o já tradicional comício na Avenida Paulista reuniu os principais líderes bolsonaristas, que se revezaram no palanque para defender as pautas da extrema direita e avançar a agenda eleitoral de Jair Bolsonaro – tanto a municipal de 2024 quanto a nacional de 2026. Os discursos foram complementares, as pautas eram amplas, e o projeto de poder, coletivo. Dezenas de milhares de pessoas compareceram ao evento, dando a dimensão do apoio ao bolsonarismo. A verdadeira repercussão do ato, entretanto, só ficaria clara com o passar das horas. Em pouco mais de um dia, os vídeos dos principais discursos já contavam com milhões de visualizações.
A natureza coletiva que se observou nesse Sete de Setembro nem sempre foi uma característica predominante na extrema direita. Bolsonaro provavelmente foi um dos primeiros políticos do país a se valer do mundo digital para promover sua imagem. Ao menos desde o início da década de 2010, ele e sua família são ativos nas redes sociais. Mas, inicialmente, sua atuação refletia o que fora sua carreira parlamentar até então, cultivando um eleitorado bastante circunscrito no Rio de Janeiro, formado sobretudo por um nicho saudosista da ditadura militar. Por muito tempo, suas bandeiras se restringiram ao corporativismo militar, às diatribes contra as liberdades democráticas e ao repúdio a pequenos avanços do poder público, como o controle de armas ou o aprimoramento de leis de trânsito – a que chamou indústria das multas.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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