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    Chico vê muitas semelhanças entre o irmão alemão e o pai Sérgio Buarque: o cigarro sem filtro, a posição do braço dobrado nas costas, "o sorriso meio falso" em situações sociais FOTO: FERNANDO DE BARROS E SILVA_2014

vultos da cultura

O irmão brasileiro

A busca de Chico Buarque em Berlim

Fernando de Barros e Silva | Edição 100, Janeiro 2015

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Quando Chico Buarque chegou ao restaurante, sua família alemã já o aguardava. A sobrinha, Kerstin Prügel, e a filha dela, Josepha Prügel, acenaram através da janela ao notar o tio brasileiro do lado de fora. Levantaram e foram até a porta para recebê-lo. De batom vermelho e vestido preto, Kerstin abriu um sorriso e apontou logo para o pescoço, exibindo o vistoso colar de pedras vermelhas que Chico havia lhe dado um ano antes. Sua fisionomia denunciava que era uma Buarque de Holanda. Diante dela, lembrei-me imediatamente do que o escritor havia dito: “Kerstin tem aquela cara espichada, que é da família do meu pai, Mango Kopf.” “Cabeça de manga” era invenção dele. “Mas só faço neologismo em alemão, porque em português é fácil, até o Guimarães Rosa faz”, brincou.

Além das duas, estavam à mesa o marido de Kerstin, Michael, e a mãe dela, Monika Knebel, uma senhora miudinha de 75 anos, olhos claros, cabelos bem pretos em estilo Chanel e expressão zangada. Monika fora casada durante quase uma década com Sergio Günther – a figura ausente que unia a todos naquela celebração improvável. Pai de Kerstin e avô de Josepha, Günther era o filho que o historiador Sérgio Buarque de Holanda teve em 1930 e não chegou a conhecer, o irmão alemão de Chico Buarque, cuja busca inspirou o romance lançado no fim do ano.

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