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    Uma macrauquênia (à dir.) e duas paleolhamas (ao fundo): a datação por carbono-14 apontou que os dois animais ainda vagavam pela região onde é hoje o Ceará entre 3,4 mil e 4,2 mil anos atrás. Ou, como diriam os pa­leontólogos, anteontem CRÉDITO: MATHEUS FERNANDES_2025

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O ocaso dos gigantes

Os grandes mamíferos da América do Sul viveram muito mais do que se imagina?

Bernardo Esteves | Edição 224, Maio 2025

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Os primeiros grupos humanos que chegaram à América do Sul se depararam com uma paisagem dominada por animais estranhos que ninguém havia visto antes. Eram mamíferos de grande porte, muito maiores do que os que hoje vivem no continente. Alguns guardavam similaridade com espécies contemporâneas: os mastodontes, por exemplo, são parentes próximos dos elefantes. Outros pareciam versões turbinadas dos bichos atuais – caso do gliptodonte, um tatuzão encouraçado quase da altura de um humano adulto. Uma espécie de gliptodonte – o Doedicurus clavicaudatus – tinha uma profusão de espinhos na ponta da cauda, o que lhe dava certo ar de criatura mitológica. E havia ainda animais que, aos olhos de hoje, pareciam saídos da prancheta de um ilustrador inspirado. É o caso da macrauquênia, um bicho com a cara de uma anta de tromba curta, pescoço comprido e porte de um bisão.

Quando os fósseis desses bichos começaram a aparecer com mais frequência, a partir do fim do século XVIII, os primeiros relatos os descreveram como monstros. Não é de espantar. Aqueles mamíferos gigantes – que são chamados coletivamente de megafauna – não se encaixavam na visão de mundo dos naturalistas de então, e eles ficaram estarrecidos. Os estudiosos ainda não entendiam que espécies de plantas ou animais podiam simplesmente desaparecer, e não souberam como classificar aqueles fósseis.

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