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    O labirinto do assédio: jornalistas revelaram um sistema que, na mídia e na indústria do entretenimento, protegia homens e punia mulheres CRÉDITO: SEILTÄNZER, 1923_PAUL KLEE (1879–1940) _© 2020_DIGITAL IMAGE,_THE MUSEUM OF MODERN ART, NEW YORK_SCALA, FLORENCE

anais da imprensa

O transatlântico e a lancha

Como o New York Times e a New Yorker revelaram os crimes sexuais do produtor Harvey Weinstein

Branca Vianna | Edição 162, Março 2020

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Como se faz uma reportagem investigativa sobre assédio e abuso sexual? Em geral as vítimas não querem vir a público, os acusados quase sempre negam o ocorrido e raramente há testemunhas ou provas documentais. Como se isso não bastasse, todos os envolvidos têm tudo a perder, inclusive os repórteres. Dois livros lançados recentemente no Brasil, Ela Disse, de Jodi Kantor e Megan Twohey, e Operação Abafa, de Ronan Farrow, ajudam a responder a essa pergunta. Os autores, todos eles jornalistas, receberam o Prêmio Pulitzer em 2018 por suas reportagens sobre os abusos sexuais cometidos durante décadas por Harvey Weinstein, fundador da Miramax, uma importante produtora de cinema: a de Kantor e Twohey foi publicada pelo New York Times; a de Farrow, pela revista New Yorker, ambas em outubro de 2017. Nos livros, que só vieram à luz no ano passado, os autores contam em detalhes os bastidores da difícil investigação jornalística que fizeram ao longo de vários meses.

Em veículos do porte do New York Times e da New Yorker, o processo de publicação de reportagens investigativas como essas é muito rigoroso: antes mesmo de se considerar se as afirmações de uma fonte serão publicadas, é preciso que sejam corroboradas por outras fontes e, se possível, por documentos. Os repórteres consultam seus editores a cada passo da apuração e precisam de seu consentimento para seguir em frente quando se veem diante de um obstáculo, como fizeram Kantor, Twohey e Farrow. Também compartilham com editores e checadores suas notas e gravações, além dos documentos que encontram. Em matérias que envolvem atos sexuais, questões éticas são discutidas entre repórteres e editores: isso é notícia ou fofoca? É de interesse público ou só diz respeito à vida privada da pessoa?

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