Há quem veja com bons olhos a dominância conquistada pelo “Centrão” no sistema político brasileiro. O conglomerado partidário seria um freio eficiente aos ímpetos autoritários do presidente Jair Bolsonaro. Sem ser necessariamente falso, o argumento revela o quanto se deterioraram as expectativas em relação à qualidade da democracia brasileira. Quem o expressou de maneira mais clara foi um dos nossos bons cientistas políticos, Carlos Pereira, em artigo publicado em sua coluna no Estado de S. Paulo, na edição de 26 de julho: “É preferível ver o governo Bolsonaro domesticado e refém de políticos profissionais de um Centrão ‘guloso’ do que cercado de militares que não entendem como o presidencialismo multipartidário funciona.”
Concordo com Pereira, mas seu argumento tem um problema: pode induzir à aceitação de um critério rebaixado para avaliar a democracia brasileira e incutir uma percepção ilusória de segurança quanto aos riscos de deslizamentos para formas diversas de autoritarismo. Antes de dizer as razões, faço uma breve digressão acadêmica.
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