
Flora Purim, no Retiro dos Artistas: a atriz Jane Fonda a demoveu de fazer uma apresentação da qual ela diz que hoje se arrependeria. Era um show para os soldados americanos no Vietnã CRÉDITO: LEO AVERSA_2025
Uma vida extraordinária
Por que Flora Purim não estava errada
Ana Clara Costa | Edição 224, Maio 2025
No auge de mais um verão inclemente no Rio de Janeiro, Flora Purim, que viveu a maior parte de seus 83 anos no Hemisfério Norte, me aguardava para uma entrevista na biblioteca do Retiro dos Artistas, onde reside com o marido Airto Moreira desde agosto de 2023. A biblioteca, que não tem mais que 40 m2, é cuidada com esmero pelo iluminador Kari Lage, que dedica uma atenção especial à estante dos clássicos. Purim estava vestida com elegância. Os tons escuros realçavam sua pele quase translúcida. Usava calça preta, blusa estampada, maquiagem leve e chapéu, remetendo aos trajes que exibia nos anos 1970, década em que foi eleita por quatro anos seguidos a melhor cantora de jazz do mundo.
Superlativos são comuns na vida de Flora Purim. Foi indicada três vezes ao Grammy – nas categorias de voz feminina do jazz e melhor álbum de jazz latino – e participou de dois discos vencedores do prêmio, um do baterista Mickey Hart e outro do trompetista Dizzy Gillespie. Seu marido há quase sessenta anos, Airto Moreira, também com 83, até hoje não foi superado como o melhor percussionista do mundo, com uma batida reverenciada por cânones do jazz, como Miles Davis. Juntos, Purim e Moreira frequentaram as rodas mais restritas do showbiz internacional, de Janis Joplin a Jane Fonda, de Paul McCartney a Yoko Ono, de Herbie Hancock a George Duke, de Stan Getz a João Gilberto, de quem, aliás, o casal foi vizinho em Nova York. A maior parte do tempo em que moraram nos Estados Unidos, porém, Purim e Moreira viveram em Santa Barbara, na Califórnia.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINE