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    Mais sóbrio do que o pentecostalismo, o catolicismo proíbe que se pratique o exorcismo na tevê ou em outros meios de comunicação ILUSTRAÇÃO: A TENTAÇÃO DE CRISTO NA MONTANHA_DUCCIO DI BUONINSEGNA / THE FRICK COLLECTION

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Vade retro, Satanás!

Um exorcista no Vaticano

Marcelo Musa Cavallari | Edição 123, Dezembro 2016

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No fim da adolescência, o italiano Gabriele Amorth já enfrentava inimigos perigosos. Natural de Módena, aderiu à Resistência e, em 1943, aos 18 anos, comandou um batalhão da Brigata Italia. A milícia, integrada por católicos, combatia os fascistas e nazistas que infestavam sua terra. Depois da Segunda Guerra Mundial, formou-se em direito para seguir a carreira do pai e do avô. Os embates nos tribunais, porém, não o atraíram por muito tempo. Resolveu trocá-los pela política e se tornou vice de Giulio Andreotti, que presidia a ala jovem da Democracia Cristã e, mais tarde, chegaria a ocupar o cargo de primeiro-ministro do país por sete vezes. As batalhas no Parlamento tampouco seguraram Amorth, que abandonou tudo para ingressar no seminário. Em 1954, virou padre pela ordem dos paulinos. Teve uma vida sacerdotal atarefada e, após três décadas, iniciou a luta em que mais se destacou. Por mandato do cardeal vigário-geral Ugo Poletti, assumiu a função de exorcista da diocese romana – cujo bispo é o próprio papa – e passou a confrontar o maior dos adversários: Satanás.

Como combatente do nazifascismo, Amorth recebeu várias condecorações da República Italiana. Já como oponente de Belzebu, o que mais experimentou foi o desprezo, a incompreensão e a zombaria, inclusive de católicos. “Não apenas os exorcistas são poucos. Eles mal são tolerados (…) e raramente acham alguém disposto a lhes abrir a porta”, testemunhou o padre no primeiro livro que escreveu sobre o tema. Lançado em 1990, Um Exorcista Conta Sua História ascendeu à lista dos best-sellers na Europa e nos Estados Unidos. O sucesso animou o sacerdote a tratar do assunto em outros volumes, além de assinar uma longa bibliografia sobre a Virgem Maria e são Pio de Pietrelcina. Seu último livro, O Exorcista Explica o Mal e Suas Armadilhas, acaba de sair no Brasil pela editora Petra. Meses antes, em setembro, o Vaticano anunciou a morte do autor. Ele tinha 91 anos.

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