Grandes artistas têm um quê de rei Midas. Com alguns traços, em segundos podem transformar um pedaço de papel numa obra de arte valiosa. Reza a lenda que Pablo Picasso pagava suas refeições em restaurantes com esboços nos guardanapos.
Henri Matisse, depois de Picasso talvez o artista mais importante da primeira metade do século XX, também costumava desenhar em papeluchos. Às vezes para agradar um amigo ou homenagear um conhecido a quem queria expressar gratidão. A carta aqui reproduzida é dirigida a Albert Skira, um dos maiores editores de arte de seu século, dono da famosa editora que levava seu nome.
Matisse quer apenas notícias. Com seu extraordinário talento, desenha um buquê de flores encantador e pergunta: “O que é feito de Albert Skira?”. E assina com suas iniciais. No verso do envelope copia a mesma flor e, com isso, transforma uma simples mensagem em gentil deferência ao amigo (e num presente para seus descendentes…).
Esta carta ilustrada foi vendida pelos netos de Skira e figurou em duas coleções europeias nas últimas décadas, até ser adquirida por seu atual detentor.