Menino 23 – Infâncias perdidas no Brasil
Não há dúvida de que o documentário Menino 23 parte de assunto curioso – a existência de tijolos marcados com um losango, no centro do qual há o emblema do nazismo em alto relevo, encontrados, nos anos 1990, na Fazenda Cruzeiro do Sul, antiga propriedade da família Rocha Miranda, no município de Parapanema, sudoeste de São Paulo. A essa descoberta se soma outra: a transferência para uma fazenda vizinha da mesma família, feita na década de 1930, de um grupo de meninos órfãos, na maioria negros, internados no Rio de Janeiro, que passaram a ser identificados através de números.
Esses fatos começaram a se tornar conhecidos a partir de 1998 e vieram a público em 2011, através da tese de doutorado “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”, de Sidney Aguilar Filho, defendida na Unicamp. No ano seguinte, graças à divulgação ampla através da imprensa, a existência dos tijolos marcados com a suástica e a remoção dos meninos se tornou assunto de domínio público.
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