A pandemia de Covid-19 matou muito mais brasileiros nos seis primeiros meses de 2021 do que no ano inteiro de 2020. O país virou o ano com 195 mil mortes pela doença, e hoje tem mais que o dobro disso, aproximando-se do triplo. De lá para cá, uma mudança nítida no perfil das vítimas da Covid. Se no ano passado as mortes e internações se concentravam na população idosa das grandes capitais, hoje elas atingem cada vez mais jovens e cidades do interior. Em maio de 2020, os jovens respondiam por 30% das mortes por Covid-19; um ano depois, passaram a somar 41%. Enquanto isso, pessoas com 60 anos ou mais, que em janeiro deste ano eram responsáveis por 63% das internações em UTIs por Covid-19, passaram a somar apenas 28% em junho – um efeito do avanço da vacinação entre os idosos. As capitais, por onde a doença começou a se alastrar, concentravam metade das mortes há um ano, e atualmente não somam nem um terço do total. O =igualdades faz um retrato da mudança etária e geográfica das vítimas da Covid-19 no Brasil.
Em maio de 2020, a cada 100 brasileiros que morriam de Covid-19, 30 tinham menos de 60 anos de idade, segundo os boletins do Ministério da Saúde. Exatamente um ano depois, em maio de 2021, essa proporção passou a ser de 41 a cada 100.
Na primeira semana de janeiro deste ano (dias 3 a 9), pessoas com 60 anos ou mais respondiam por 63% das internações em UTI por Covid-19. Com o avanço da vacinação entre os idosos, essa proporção passou a cair continuamente. Na primeira semana de junho (30 de maio a 5 de junho), apenas 28% das internações em UTI eram de idosos, segundo o Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre março e maio de 2020, a mortalidade entre os pacientes de Covid-19 que eram tratados com ventilação mecânica foi de 60%. Um ano depois, entre março e maio de 2021, esse índice cresceu, chegando a 70%. Ou seja, a letalidade em pacientes com caso grave de Covid-19 aumentou 17% no Brasil.
Um ano atrás, em 29 de junho de 2020, as capitais brasileiras concentravam 49% de todas as mortes causadas pela Covid-19 no país. Aos poucos, a doença foi se alastrando por cidades do interior, e hoje o cenário é bastante diferente. Exatamente um ano depois, em 29 de junho de 2021, as capitais concentravam apenas 31% de todas as mortes.
O estado do Amazonas, que viveu uma crise humanitária em janeiro devido à pandemia, hoje vive um cenário mais estável. No primeiro mês do ano, a Covid-19 matou 2.832 pessoas no estado. Em junho, matou 328 – quase um décimo das mortes de janeiro.
O estado onde o número de mortes causadas pela Covid mais cresceu este ano foi Minas Gerais. As mortes saltaram de 12 mil, no dia 1º de janeiro, para 46,2 mil, em 30 de junho. No Paraná, o total de mortos também quadruplicou, passando de 7,9 mil para 30,7 mil no período. No caminho oposto, o estado onde as mortes menos cresceram este ano foi Pernambuco, que em janeiro tinha registrado 9,6 mil mortes e chegou a 17,6 mil em junho.
Em março, 383 grávidas e mães no pós-parto morreram de Covid-19 no Brasil. Em abril, o Ministério da Saúde incluiu gestantes, puérperas e lactantes na fila prioritária da vacinação, e esse número passou a cair. Em junho, foram registradas 48 mortes de gestantes e mães no pós-parto.
Fontes: Ministério da Saúde; Fiocruz; Epimed Monitor; Brasil.IO; Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19