Sobem Sergio Moro e Paulo Guedes, caem os irmãos Bolsonaro. No Twitter, os super-ministros da Justiça e da Economia estão em alta, cada vez mais citados em publicações na rede social, enquanto os filhos do presidente apresentam tendência de queda. A pedido da piauí, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV) monitorou os personagens do governo mais citados no Twitter de 1º de janeiro até o dia 7 de maio. O balanço a seguir mostra o sobe e desce dos bolsonaristas até agora. Ele será atualizado ao fim de cada mês.
O ano começou com maior número de menções a Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro. No final de abril, o cenário já era outro: o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foram os mais citados do mês. No acumulado dos últimos quatro meses, Moro foi o mais popular, seguido pelos três filhos do presidente, que são cada vez menos mencionados desde fevereiro.
Em abril, Moro e Guedes chamaram mais atenção do que qualquer outro personagem. Guedes foi o segundo mais presente, com 1 milhão de citações – quase o triplo do que recebeu em março (362 mil). Abril foi o mês em que se intensificou o debate sobre a reforma da Previdência. Numa audiência na Câmara, Guedes foi protagonista de uma discussão acalorada com o deputado Zeca Dirceu, do PT, que o chamou de “tchutchuca”. Diante da confusão, a sessão foi encerrada. Guedes e Dirceu saíram do plenário aos gritos, e o bate-boca movimentou o Twitter.
O crescimento constante de Moro nas redes acabou levando o ministro a criar sua conta no Twitter no mês passado. Em poucas horas, ele conquistou mais de 50 mil seguidores e hoje tem mais de 750 mil. Em abril, o ministro da Justiça foi citado 1,1 milhão de vezes. Um dos primeiros atos de Moro na rede social – a tentativa de “provar” que o perfil era legítimo, mesmo que o selo de verificado já sirva para isso – virou piada. Em março, o grande momento de Moro foi o embate com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que criticou o pacote anticrime do ministro e se recusou a colocá-lo em pauta.
Carlos, que foi o segundo personagem relacionado ao governo mais citado em janeiro, principalmente porque começou o mês na garupa do Rolls-Royce presidencial, não teve o mesmo nível de atenção ao criticar o vice-presidente Hamilton Mourão em abril. O general teve mais citações naquele mês do que o próprio filho de Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro foi campeão de menções em janeiro e se mantém em segundo lugar no ranking geral graças aos desdobramentos do caso Queiroz – que teve início em 6 de dezembro de 2018, quando O Estado de S. Paulo publicou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou movimentação atípica, de 1,2 milhão de reais entre 2016 e 2017, na conta do ex-assessor do então deputado estadual. Em janeiro, o Jornal Nacional noticiou que, entre junho e julho de 2017, Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos suspeitos, no valor total de 96 mil reais. Naquele mês, ao todo, foram 2,2 milhões de menções ao senador do PSL do Rio de Janeiro. Em fevereiro, no entanto, as menções ao primogênito de Bolsonaro despencaram e, desde então, só tendem a cair.
Olavo de Carvalho, ideólogo de extrema direita e influente na formação do governo – ele que indicou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez –, alcançou seu maior número de menções no Twitter na primeira semana de maio de 2019. O motivo: a batalha digital contra o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O diretor da Dapp, Marco Ruediger, ressalta que os números também espelham a situação conflituosa em que o governo se encontra. “Surge um segundo momento marcado pelo embate entre o centro e a extrema direita. Nesse cenário, Olavo de Carvalho cresce. No momento que o centro ameaça deixar o governo, Bolsonaro tem que manter a ‘base’, o eleitorado mais preocupado com a pauta dos costumes”, explica.
A primeira semana de maio foi decisiva também para outro personagem: o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Desconhecido até abril, quando foi nomeado, o economista chamou atenção quando declarou, no dia 30 daquele mês, que cortaria recursos de universidades que promovessem “balbúrdia”. Em maio, bloqueou o orçamento da educação, do ensino infantil à pós-graduação. As medidas provocaram protestos de estudantes em todo o Brasil.
No último dia do levantamento da DAPP, 7 de maio, Weintraub cometeu uma gafe durante uma audiência na Comissão de Educação do Senado. Na tentativa de citar o escritor tcheco Franz Kafka, autor de O Processo, pronunciou “kafta”, prato comum na culinária árabe. O episódio foi motivo de piada no Twitter e gerou os primeiros memes da carreira do ministro.