Na boleia, do céu ao inferno

A reputação do presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi do céu ao inferno desde que os caminhoneiros entraram em greve, em 21 de maio, em protesto, principalmente, contra a alta do preço do diesel. Até a paralisação, que provocou um colapso no abastecimento nacional e abriu uma crise enorme no governo, Parente era apontado pelo mercado como o super-executivo responsável por tirar a Petrobras do buraco em que se metera em razão de políticas erráticas de preços, de má-gestão e corrupção, creditadas aos governos do PT. Essa imagem, contudo, foi se desmanchando conforme a imprensa mostrava as prateleiras vazias nos supermercados, as filas nos postos de gasolina e as estradas bloqueadas.

Antes mesmo de a greve completar uma semana, a política de reajustes diários dos preços dos combustíveis da estatal, determinada por Parente em julho passado, foi colocada em xeque por especialistas do mercado, por funcionários da companhia, por políticos da esquerda à direita e por integrantes do governo, como o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Ao insistir com a política de preços, Pedro Parente deixou de ser uma unanimidade como bom gestor e foi acusado de ser um tecnocrata intransigente, incapaz de entender as peculiaridades do setor no Brasil.